segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Paisagem interior

 


Para o Amado, o herói e o tolo são a mesma coisa. Rumi

Sabe-se bem dos limites humanos. Aonde olhar e perdura o império das razões só restritas ao consumo do imediato. As nuvens aparecem e desaparecem numa velocidade incontrolável. Vontade imensa de acertar naquilo que lhe vem, todavia o fruto das causas atuais, que expandem o desejo e nele terminam em pó. Daí, tocar em frente, independente do que virá, esse o objetivo da aventura que aqui trilhamos a todo instante. Séculos de pura agonia, projeções desse ânimo nas telas do Infinito. Um a um no mesmo impulso de acolher o que nem sabe o quê e quando.

Doutro lado, aqueles pródigos que mergulham em si e demonstram calma e significam muito aos demais. Exemplos de paz, contam lendas do Alto na linguagem que apresentam. São peixes de outras águas. Conhecem do passado o tanto de aprender o motivo de estar neste chão e viver no presente todo futuro. Almas libertas, podemos assim falar. Chegam e saem à medida em que alimentam um ser interior, o que demonstram nas histórias que encarnam e delas contam maravilhas.

Narram cenas inigualáveis, descrevem lugares perfeitos, quais merecedores das jornadas que empreendem, até galgar os páramos dessa exatidão ainda no crivo da carne. Diante dos tais, vemo-nos passo a passo perante o sonho do Ser de quem recebem a luz de uma consciência bem maior. Hoje são muitos deles a compor o calendário dos santos. Os místicos, iluminados. Enquanto a multidão prossegue na luta cotidiana do ser pelo possuir, nada mais. O que reflete esse fator de sobrevivência daí afloram os tantos outros lenitivos de tocar adiante os passos de tudo enquanto.

A resumir os preços das existências, vem isso de contar a própria lenda e exercitar o espírito de todos. Seremos partes de um tempo em movimento, porém dotados da luz que nos acompanha, viagem esta de cunho individual rumo das estrelas.  

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