Vencer o mundo, eis o principal motivo das buscas humanas. Aparentemente simples pensar nisso, porém de extrema dificuldade exercer tal função a que viemos, sem o quê tudo terminaria em mera frustração de um projeto definitivo; vencer em si os questionamentos, e chegar ao objetivo circunstancial das existências.
É assim desde sempre, na avaliação dos filósofos e místicos.
A resposta de cruzar as torrentes da ilusão e obter o sucesso, diante dos corpos
de carne que descem na correnteza, serve de repositório às tantas provações, aos
caprichos e prazeres; nascemos submetidos às leis, no entanto sendo espíritos a
que precisamos santificar e galgar páramos celestiais. Por certo difícil de
explicar, no entanto desse modo se apresenta o mistério de que fazemos parte
integral, inevitável. Atravessar as barreiras dos muitos desafios e ganhar a
liberdade glamorosa e desejada, tal o resumo da história e dos homens.
O apetite aos apegos, contudo, escravizam nas jornadas sucessivas
ao trilho das perdições, dos charmes de intensidade angustiante, quando nisso os
barcos sacodem pelas aventuras do tempo. Há um filósofo dinamarquês, Soren
Kierkegaard, que classifica em três fases a jornada terrena: Fases estética,
ética e mística. A primeira, que se poderia chamar de erótica, oferece à carne
os alimentos físicos de que reclama; na segunda, vem o senso da
responsabilidade e preocupações de ordem moral; e por fim a fase mística, no
auge dos anseios de respostas ao sentido do que a vida significa.
Só poucos completam tais ciclos sem grandes frustrações, no
objetivo essencial de existir, entretanto eis a única razão das vidas na humana
consciência, quando, um a um dar-se-á ao real valor do que aqui encontrar,
nesse vale de lágrimas. Quantos se prenderem, pois, aos rochedos das ilusões repetitivas
apenas adiam o momento pleno da transformação, triunfo dos amargores. Bem forte
saber que nenhum outro caminho resta de usufruir a divina perfeição; não
importem as aflições, plantemos a paz no seio do que já somos, matrizes da
Perfeição.
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