terça-feira, 15 de junho de 2021

A fome do ser


Este desejo imenso de realizar o que nos fará livres, de obter o salvo conduto e chegar ao pomo da evolução, de querer e poder, no grau máximo da evolução, isto de justificar o quanto vivemos no decorrer dos milênios e salvar a condição de um tudo na consciência definitiva. O senso do eterno, por isso.

Afinal eis a razão do que existe e existirá, durante todo tempo, no descobrir a essência de si e reverter o quadro das incompatibilidades dos fenômenos da Natureza. Porquanto somos nós esses tais missionários da última revelação, a isso que fomos criados diante dos objetos. Essa fome inevitável de viver e encontrar o sentido da vida. Saber dos mistérios e descobrir seus reais motivos que nos farão criaturas privilegiadas, e superar a morte.

Bem isto, seres inteligentes que o somos, empreendemos a inesgotável possibilidade da Luz em nossos corações. Exercemos o papel principal do roteiro da humana condição. Assim, palmilhamos o solo das existências dotados de recursos a ser desenvolvidos através do conhecimento e do trabalho, pelos méritos das virtudes adquiridas. Em nosso haver, dispomos das oportunidades necessárias à conscientização do ser que o somos. Resta-nos tão só investir no aproveitamento dessa longa jornada que aqui desenvolvemos, sem, contudo, rejeitar a força do pensamento e a clareza dos sentimentos.

O que tanto procuravam nas extensões do Infinito, habita livremente em nós próprios, e a ânsia desse encontro domina as vertentes das gerações. Haveremos, mais dia, menos dia, de viver intensamente o encontro conosco mesmos, pois a isto estamos programados, à disposição das vicissitudes do Universo. Daí o desejo insistente da paz em nossos dias, perante as civilizações. São sintomas da perfeição a que fomos dotados no mais íntimo de Si. E a angústia de existir bem traduz essa vontade constante de chegar à Felicidade, quando, então, uniremos nosso ser ao Ser da plenitude, afinal.

(Ilustração: Fome, de Estela Baptista Costa).

Um comentário:

  1. Emerson,
    Desta vez, sucumbi....Li, reli e, confesso, ainda não posso afirmar que captei a essência da sua mensagem...mas, não desistirei....vou conseguir...

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