Bem que poderia dizer A
guerra dos amores, que é assim que se parece, como a um fortim depois dos
longos combates, quando sobram mais escombros do que construção, cacos de todo
lado, destruição e abandono. Assim a dança dos amores desta vida. Tantos
desassossegos ao coração que dói de não ter tamanho. Lembranças boas, mas que
ficaram largadas na estrada. Saudades acumuladas pelos cantos desse cômodo
amarfanhado da alma da gente. Lindas noites, belos dias. Viagens, despedidas,
sonhos desfeitos nas dobras do sentimento; distâncias, ilusões, promessas
descumpridas, arrasos de causar espécie dentro das memórias já gastas e juras esquecidas
nas poeiras do passado. Cartas perdidas, fotografias desbotadas, livros rotos.
Inexistissem amores, o que seria da música, dos romances,
dos filmes, dos dramas e das óperas deste mundo. Que valeriam os esforços de
competição e crescimento nos dias que sumiriam nas frestas do tempo?! Da
beleza, da juventude, do sucesso romântico das histórias e lendas; dos reinos e
epopeias?! A que serviriam tantas aventuras de heróis lançados aos desafios,
nas batalhas mais cruéis?! De que sacrifícios os paladinos nasceriam, a
enfrentar tempestades e dragões, não fosse o pulsar intenso dos corações aflitos
de rever princesas nos condados impossíveis, nas dimensões do Infinito?!
Assim persistem os amores deste mundo, vidas adiante, largas
margens dos rios de paixões desenfreadas, a nutrir de população a face dos
séculos. Nisto, no ferver das contingências, domínio das criaturas ansiadas e
febris, a desejar conter o movimento das marés dentro do peito. Desde sempre,
lá dos inícios da adolescência, que guardamos essa mensagem que pede alimento
dos deuses de ter alguém que nos ame, e a que amemos das entranhas, fragmentos
de vontades que nunca pode dominar face aos impulsos dessa verdade, dos amores.
Ninguém, que nós o somos, desista do poder inigualável dessa
energia maravilhosa de uma força descomunal que significa sonhar e trazer à
vida o valor dos nossos sonhos e seus amores.
(Ilustração: O beijo V, de Roy Lichtenstein).
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirImagino o sentido de - A dança dos amores. Sentido que a gente sente mesmo, de na vida dançar e com amor, até mesmo para pessoas como eu que não sabem dançar, quem dirá como amar se não à minha maneira, essa experiência do amar o outro pela experiência de si. Mas é preciso amor para poder pulsar, é preciso amor até para recomeçar.
ResponderExcluirEu daqui sinto pelos amores que ainda não vivi.
🕊️✨