segunda-feira, 15 de abril de 2019

Alienação permitida

Bem longe disso daqui, em mundos lá distantes no infinito cósmico dos dias, chega de mala e cuia o anseio tosco de se imaginar ainda mais distante. Isto por conta do mau gosto que resolveu taramelar nas pernas dos pontos de encontro da pobre sociedade capitalista que quer dominar o mundo de hoje. Queira olhar isso e veja o que mostram os oráculos em que viraram as televisões e seus filmes esquisitos, de negro extremo, só assunto de causar espanto, e que nem um pouco me interessam, sejam quais forem eles desde que preguem o medo de viajar no tempo. Porque decidi, de alma lavada, escorar nos cantos dos anonimatos o ser ansioso que imprimia vontades de transformação social e que chegou assim troncho, de péssimo gosto, o resultado que oferecem agora. Foram décadas de luta. Horas clandestinas. Porres de esquecer o universo daquelas horas amarguradas. E em que os tais prometedores de revisão do quadro até parece que esqueceram de vez daquilo que antes disseram que fariam depois das possibilidades adquiridas a longas penas. No entanto resolvo deixar de lado o que me apresentam de renovação, e imponho a mim mesmo o forte impulso de esconder a cara nos vagões de bagagem que deslizam rumo ao desconhecido, porém querendo achar meios de alegrar a consciência na busca de valores maiores, fruto da religiosidade que mora dentro de toda criatura. Espécie de apocalipse pessoal, devolvo às eras findas o território da esperança em forma de realização do pensamento em amor aos semelhantes e práticas que acalmam os dentes do animal que impõe as condições sócio-políticas, culturais e ambientais desse momento, o que serve de alimento às feras que fabricam e vendam as armas das guerras fraticidas, corrompem as gerações no uso de drogas, jogos e prostituição, vítimas do desejo insano de nutrir a pouca imaginação que corrói o sentimento feito lama de esdrúxulos pesadelos perdidos no véu das escuridões abandonadas.

Chega, chega de vender a paz a troco de querer acompanhar o ritmo dos vilões que imperam nos teatros da ilusão. Há fortes indícios de tranquilidade quando a gente decide preencher o espaço da existência por meio do gosto bem bom de novos sonhos recentes, na arte de amar e viver a própria vida com carinho possível e claro.

(Ilustração: Colagem, Emerson Monteiro). 

2 comentários:

  1. Muito oportuna sua abordagem sobre as armas, drogas e prostituições. Vemos dia após dia, os descasos das nações diversas, investindo em indústrias bélicas com fins lucrativos e fins de manutenção no poder através das guerras e entres nações, juntamente com as barbáries utilizando também armas brancas. Mas em tudo o que se percebe é que através dos tempos sempre houve o incentivo a este tipo procedimento, e através dos filmes fazendo apologia ao crime, as drogas , as armas pesadas e que as pessoas sem escrúpulos se aproveitam do fato para angariar admiradores levados pela ânsia do ganho fácil através dos meios ilícitos. Daí surgem as facções criminosas capazes de praticar os mais diferentes tipos de crimes, lamentavelmente. Parabéns pelo seu texto. 🌷🌷🌷

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