domingo, 28 de abril de 2019

Paisagem lunar II

Onde o tempo nunca esvazia viver e permanecer, sempre, nas dimensões infinitas do eterno, bem ali, na suavidade dos sonhos, no seio do coração, que vem e volta a sorrir aos céus. Quem chegar, porém, ao amor de verdade saberá disso, como ninguém, de existir a felicidade em segredos guardados a sete chaves. Comunhão de luz e paz, as saudades jamais têm razão quando preenchem as paisagens dos corações em marcha batida. O que é tudo senão o que pensamos de tudo (Fernando Pessoa).

As emoções que transbordavam e viravam palavras, agora são pedaços de ilusão jogados ao vento dos pensamentos, no esforço sobre-humano de querer apressar o momento e resultar disso, de doer na alma, na fome intensa de viver os desejos escondidos, pois transportavam nos passos a angústia de encontrar respostas a esse enigma do seu interior, altares de sacrifícios de vaidades e evasão da sorte. Quisessem, num querer de consciência, e desvendariam todo o poder de que são portadores.

Máquinas de beneficiar horas em milagres, apenas tangem os barcos da Salvação no rumo desconhecido, e alegram os dias em festas evanescentes. Vendem os sóis, que recebem pelos instantes de paixão, e acham suficiente sobreviver aos mistérios e às ocasiões tais viajantes perdidos em mundos ignotos. Pisam a sombra das visões que nutrem e gargalham, amantes das ausências e saudosos de um passado inexistente, rastros impossíveis de saber aonde foram eles desde antes de terem sido algum dia. 

Quando querem, no entanto, regressam de longe e sabem do destino procurar, e choram, e gritam, e oferecem mil sobras daquilo que ainda trazem consigo no íntimo a troco das vontades abandonadas à sorte ingrata, solitários indivíduos alimentam à força de ser cruzar a morte, de lá do abismo o silêncio, naus largadas ao trilho azul da imensidão; daí deparam com o sentido de tudo isto o que já significavam.

(Ilustração: Inferno, de Botticelli).

Um comentário:

  1. Onde o tempo nunca esvazia viver e permanecer, sempre, nas dimensões infinitas do eterno, bem ali, na suavidade dos sonhos, no seio do coração, que vem e volta a sorrir aos céus. Quem chegar, porém, ao amor de verdade saberá disso, como ninguém, de existir a felicidade em segredos guardados a sete chaves. “ O amor é isso é mais alguma coisa. A mola propulsora do mundo, dos afetos, do querer bem, poder transformador que modifica a vida de quem ama e de quem é amado. O amor verdadeiro vai do paraíso ao inferno, tudo depende das circunstâncias e dos personagens envolvidos. Mais ainda assim vale apena amar, ainda que não correspondido, mas só o fato de somar alguém já é um fato transformador. Claro que quando se trata de um amor verdadeiro é correspondido é um paraíso, a quem poucos tem a felicidade de vivenciar. Um carinhoso abraço ao amigo Emerson Monteiro.🌟🌷🌷🌷💫💫💫

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