quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Dias alegres

Os olhos que enxergam a paisagem são os nossos olhos. A cor da paisagem quem vê somos nós. O mundo existe independente, mas nós lhe damos o tom, a melodia. A paisagem existe lá fora, no entanto de dentro quem a vê seremos sempre nós. Daí a imaginação de que fomos criados a fim de dar sentido aos mundos e seres. Isto é, o panorama existe objetivamente, não fosse, contudo, a nossa existência ninguém registraria tais existências. Somos o sujeito das existências, inclusive de saber da nossa existência. 

Dizem os existencialistas que, nos outros seres, a essência precede a existência. Vêm do jeito que serão. Já nos seres humanos a existência precede a essência; ainda não sabem o que virão a ser ao sair de volta. Animais, coisas e lugares nascem animais, coisas e lugares. O ser humano haverá de se fazer ser humano, deixar de ser só um objeto em movimento ocasional. A essência, o ser, nos humanos virá depois que existir, condição necessária. Se não, estará sendo tão só mais um animal, ou coisa, ou lugar, em que a essência estaria em potência sem realização daquilo que trazia quando chegara à existência.

Bom, essas tiradas conceituais resolvem o desejo de contemplar a paisagem do dia, uma manhã bonita de nuvens de chuva, chão molhado e frio gostoso pelo ar. Os dias que sucedem aos dias. As belas manhãs que enchem de vistas a alegria, quando a gente abre o coração e recebe de bom grado viver com intensidade o deslindar do tempo. As certezas, as pessoas integradas no gesto de viver em paz que elas delas conseguem obter. Horas de boa vontade. 

Todo instante traz frutos bons, desde que plantemos à luz dos sóis em nossas almas, trabalho de quem busca inteiro o motivo de viver. Há, no que há, religiosidade plena, que nos resta desvendar através da sabedoria. Oferecer o melhor de si aos acontecimentos do Universo. Espécie de doação boa a nós próprios, viver pede inspiração. Dias alegres durante as existências, eis, em resumo, a razão principal do ato de existir. 

3 comentários:

  1. Leveza de texto. É isso mesmo. Acordar, ouvir o canto dos passarinhos, o cheiro de terra molhada, são momentos únicos. Nasce o sol iluminando tudo que vem pela frente, são presentes da natureza, presentes de Deus através da natureza. Nestas horas percebemos que o cenário do dia a dia, tem a cor que lhe atribuímos. Claro que muitas vezes o nosso dia não está como esperamos, mas nem por isso ignoramos a beleza da vida, o canto dos pássaros, a. Eleza das flores, e tudo de belo que existe na natureza. Parabéns pelo texto! Leve, prazeiroso de ler. Um carinhoso abraço ao amigo Emerson Monteiro.

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  2. Para que possamos sentir o prazer do cheiro da chuva, o barulho no telhado avisando que inverno chegou. Barulho que transforma em música para. Embalar o nosso sono, coisa na capital, dentro de um apartamento não temos a oportunidade de se leleitar ao friozinho da Serra e o barulho da chuva no telhado. Os trovões, os relâmpagos são os sinais de que realmente o inverno chegou, se confirmando accsabedoria da natureza, quando o joão-de-barro prepara sua casa para esperar o inverno. Somente no interior podemos usufruir das maravilhas do inverno no interior. Seu texto ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

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  3. Hoje amanheceu chovendo muito, clima bom, vontade de ficar na cama, só escutando o barulho da chuva...e me veio da lembrança do seu texto, da coisas simples do interior que não temos na capital. Voltei a ler o seu texto. E novamente descubro parágrafos que havia deixado passar. Muito bom. Um abraço amigo Emerson Monteiro.

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