- O que tem feito?
- Lido, escrito, fotografado, organizado documentos. Aguardo o encaminhamento dos acontecimentos sem ansiedade. Nem sei se ficarei só ou acompanhado. Tudo assim por se dar. Mas em paz comigo mesmo.
- Aqui está tudo bem. Deixei as coisas acontecerem, sem interferir, entregando tudo ao Poder Divino. As coisas, porém, desaconteceram e eu achei tudo normal.
- Acho assim também. Somos a parte que passa até perceber que somos sempre.
- As coisas podem dar certo ou não... Ninguém explode e nenhuma estrela cai do céu.
- Bom ouvir isto. Nunca se está sozinho. E tudo muda todo momento.
- É sempre bom se livrar das dificuldades, daquilo que passa a incomodar. No mínimo nos sentimos aliviados e renovados.
- Diminui o peso do transporte. Isto. Olhar em mim sem medo. Corri muito e voltei aos mesmos lugares. Apostei em pessoas e esqueci de jogar. Mas nada se perdeu e aprendi as lições.
- E é só. Continuar amando e abençoando a todos e ver tudo de fora, como uma peça de teatro. Isso, voltar sempre para o nosso centro, que é o centro do Universo.
- Se parecem os nossos jeitos de ver o instante.
- Na verdade nunca devemos sair do nosso centro.
- Quero a paz do coração, nada além disto.
- Todo o resto vem por acréscimo.
- Aquietar a mente e esquecer de sofrer. São muitos os dias de solidão que me ensinam a ver deste modo. Estou mais calmo. Mais ausente do lado de fora. Sem mágoas ou cobrança. Deixo aos poucos de brigar com coisas e pessoas.
- Você esteve sempre casado. Tinha solidão, mesmo acompanhado?
- Sim. Espécie de adaptação às condições. Cumpria metas. Nem pensava, me deixava continuar. Gostava do momento do jeito que hoje também gosto. Pedaços de existência que circulam em nossas mãos. Livros, aulas, lugares, pessoas, instantes. Salas às vezes cheias, às vezes vazias.
- Eu estou sozinha há uns vinte anos. Não consigo me sentir só, isolada. Gosto dessa ilha que é o meu coração, onde cabe a humanidade inteira.
- Nós, enfim, que nos sucedem e nos abandonam. Luas, rios, mares, sempre à busca do Sol. Boas as suas palavras. Me tocam na vontade de ser livre da vontade alheia. Tive medo de nunca me encontrar e me perdi muitas vezes.
Criava álibis vida afora.
- Acho que sou feliz, mas ainda preciso experimentar a vida de outras maneiras, correr riscos, mas jamais me perder de mim mesma.
- Deixava aos outros os meus sonhos. Fugia da solidão qual condenado a lá um dia não conseguir mais sobreviver. Resultado disso sou eu agora. A cumprir a pena de existir em plena intensidade.
- É muito bom se reencontrar e se sentir inteira, completa e livre.
- Só e ciente de que sempre seria o que hoje sou, um parceiro da solidão.Espécie de comunhão com a única verdade que há em tudo, livre das ilusões que criara para nelas me esconder. Fui descoberto por mim, afinal.
- Delete essa palavra solidão. Deus é o todo e nós somos o todo em Deus.
- A realidade é o porto das perdições. Sol e solidão andam juntas, no largo do coração da gente. De tanto fugir de mim, me achei. O cachorro e o rabo e o cachorro. Meio arte, meio vida, meio arte. Bom, perguntou e fui dizendo.
Me pegou num veia boa de falar. Sem inventar, deixei as palavras se deitarem pelos dedos, manhosas.
- Legal, é bom falar, se expressar. É como arrumar as gavetas.
- São pedaços de mim, de quem nem sei se existe ou existiu.
- Sempre temos que fazer introspecção para encontrarmos as respostas. Está tudo dentro de nós.
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