Após haver morto Tiago, este irmão de João, Herodes se voltara contra Pedro, mantendo-o no cárcere para quando viesse a Páscoa; então, o apresentaria ao povo, na intenção de barganhar sua confiança.
Grupos de quatro soldados se revezavam na vigilância ao apóstolo, mantido a ferros em cárcere de estrita segurança. Enquanto na igreja primitiva, sob o império do medo, os seguidores de Jesus se revezam, pedindo a Deus pelo prisioneiro.
Na noite de sua apresentação à turba, como prevista pelo monarca, acorrentado, no meio de dois dos soldados que lhe montavam guarda, dormia Pedro. À porta, as outras duas sentinelas reforçavam a prisão.
No meio de luminosidade intensa, adentrou o recinto escuro da cela um anjo, emissário da glória divina, e, silencioso, se aproximou de Pedro e lhe tocar o corpo a dizer:
- Ergue-te! Vamos embora! Recompõe as vestes, que agora sairemos deste lugar. Surpreso, livre das cadeias que caíram ao solo, o apóstolo atendeu às providências solicitadas, buscando obedecer ao inesperado visitante.
O episódio bíblico ainda registra que Pedro seguiu mesmo sem compreender que era real o que se fazia por intermédio de um anjo, julgando que era uma visão.
Juntos passaram pelas duas sentinelas que guarneciam a masmorra, cuja porta se abriu qual em passe mágico, sem precisar de ninguém nela tocar.
Seguiram para logo se verem no lado de fora, à luz fosca das ruas desertas da cidade. Sob o impacto da ocorrência, Pedro apenas se deu conta de ver o anjo a deixá-lo e sair noutra direção.
Assustando com tamanho prodígio, falando de si para consigo reconheceu a providencial circunstância de sair inteiro das garras do perverso soberano em vista do poder inigualável do Senhor.
Em mais alguns instantes, parado à sombra das casas, considerou o melhor jeito de se livrar dos adversários. Lembrou a casa de Maria onde os irmãos de fé tantas vezes se congregavam, ali guiando os passos. Ao chegar e chamar no portão causou espanto invalidável.
Conta o livro que aos primeiros raios do amanhecer pânico descomunal se estabeleceu entre os guardas tomados de pânico, temerosos da reação que o desaparecimento do prisioneiro ocasionaria. Interpelados e não justificando a fuga, de imediato seriam executados.
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