Era bom de recado, como poucos. Rajado de grude, pés descalços, calças curtas e duas tiras à guisa de suspensório, ligeiro e fácil percorria distâncias surpreendentes, lépido ao vento morno do sertão. Vivia assim e auxiliava a família, mãe, avó e ele, com as poucas gratificações que lhe retribuíam os mandados e carretos. Esse nome de Zé das Gasolinas se encaixara nele qual se nunca antes outro houvesse, que ninguém lembrava mais.
Alguns feitos, porém, azucrinavam os moradores do lugar. Nos quase escuros de um fim de tarde, por exemplo, João Preto, o chiqueirador dos bezerros, se vira aperreado com o gado de volta à manga por conta de susto que levara no sombreado das oiticicas, causado pelo barulho esquisito de Zé das Gasolinas enganchado no areal, forçando o motor para desatolar seu carro imaginário. Os bichos encresparam com aquilo e se desuniram no mundo, dando trabalho para juntar já no começo da noite.
- Rrrrooooiiiiimmm! Rrrrrrooiiiiimmmmmmm! - o vaqueiro jamais pensaria se tratar do Zé preso até os joelhos na lama do riacho, acelerando a máquina querendo romper o lodaçal.
Depois, as coisas ficavam ainda mais complicadas inclusive dentro da casinhola onde se arranchavam o intrépido e os seus familiares.
Certa vez, ao regressar das andanças demoradas, fazendo manobra enviesada forma de marcha a ré, Zé das Gasolinas daria rude trombada na própria avó, que catava feijão no alpendre da casa, jogando-a lá embaixo no chão do terreiro.
- Ai, meu filho, assim você acaba com a pobre velha - gemeu a vítima contrariada, ainda ajeitando os trajes empoeirados, firmando a ossatura doída no tombo.
- Também, vó, bem feito! - reagia o desajeitado chofer, – podendo achar outro canto de sentar, criatura. Quem manda a senhora ficar em porta da garagem – e entrou apressado no barraco indo à busca do canto de encostar o transporte num canto da pequena sala.
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