terça-feira, 30 de julho de 2013

Passar com a verdade

Na tradição popular, existem histórias que perpetuam através dos séculos registros da vida de Jesus os quais passam de geração a geração, suprindo lacunas bíblicas e enriquecendo a imaginação das pessoas de detalhes instrutivos quanto à presença do Mestre divino entre os humanos.

Uma dessas lendas, sem origem definida, por exemplo, narra o episódio da fuga para o Egito, ocasião do morticínio das crianças praticado a mando de Herodes, capítulo abominável daquele período.

Ao notarem a estrela que nascera no Oriente, os reis magos haviam se dirigido a Jerusalém à procura do Rei dos Judeus. Com suas estadas na capital da província, segundo Mateus, Herodes perturbou-se e toda Jerusalém com ele. Por isso, chamou os magos e pediu que voltassem de Belém e trouxessem as notícias de onde nascera Jesus, para que ele também pudesse adorá-lo.

Após as palavras do rei, puseram-se a caminho. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o menino, parou. Ao ver a estrela sentiram grande alegria, e entrando na casa viram o menino com Maria, sua mãe. Prostraram-se, adoraram-no e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra (Mateus, 2, 9-11).

Avisados em sonho, no entanto, os magos deixaram de atender ao soberano.

José, por sua vez, depois de receber avisos de um anjo, pegou Maria e o Menino, e com eles fugiu na direção do Egito.

Nesse meio tempo, vendo-se enganado pelos magos, Herodes mandou executar todas crianças de dois anos abaixo, nascidas em Belém e suas proximidades.

No transcurso da longa viagem, ainda em solo palestino, a Família Sagrada se aproximava de uma barreira policial. Mediante a revista de todos viajantes, aflita, Maria ouviu em si a voz do anjo lhe dizia:

- Passe com a verdade!

Quando abordados pelos romanos, que indagaram do conteúdo do cesto que transportava na lua-da-sela da montaria, ela respondeu:

- Aqui vem uma criança.

Ao ouvir a resposta, os guardas se entreolharam e prorromperam numa sonora gargalhada, enquanto um deles considerava em altos brados:

- Caso fosse mesmo uma criança o que levaria nesse cesto jamais teria a coragem de revelar.


E permitiram que eles continuassem a jornada sem qualquer objeção.

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