As lideranças se
mobilizam através de sucessivas manifestações públicas. Passeatas. Assembleias.
Faixas. Entrevistas. Discursos. Audiências. Uma delegacia da mulher criada para
o Crato. Outra para o Juazeiro.
Essa brutalidade
reedita as fases negras da história das sociedades humanas, quando o valor da
vida chegava às raias da gratuidade, pessoas vendidas nas praças quais coisas e
animais.
A infeliz repetição
das maldades pede atitudes firmes. Nessas horas, a liderança deverá cumprir
suas reais funções. O que fazer? Como agir em resposta à periculosidade dos
autores dos crimes? A quais instituições cabem as providências? Somos uma
sociedade organizada para fazer frente a esse desafio da força bruta? Perguntas
insistem na busca da solução do enigma.
As causas desse
estado de coisas merecem avaliação. Vive-se um tempo de contradições sociais
nunca resolvidas. A pobreza material sai da busca da sobrevivência para as
ruas. A falta de alimento físico chegou à falta de educação formal e moral. A
ganância dos corruptos comeu a alma do povo. O tecido comunitário desatinou. Os
jovens não enxergam mais o bom exemplo nas gerações antecedentes.
Isso tudo somado à
ideologia do lucro que predomina entre os meios de comunicação de massa. A
grande imprensa brada aos quatro ventos o crime em suas variadas espécies, e
acrescenta a impunidade que lhe acompanha. Os poderes da república recebem
sucessivas derrotas dos marginais melhor organizados do que a grande sociedade.
Aquilo que resolveram
denominar de banalização da violência são as piores arbitrariedades praticadas
e que recebem foro de normalidade. Desde a guerra brutal das superpotências, a
dizimaram povos mais fracos, até regras leoninas de mercado e produção de bens
visando tão só a multiplicação do capital, em mundo acostumado com as
facilidades e os padrões estabelecidos quais leis definitivas.
O ser humano rende-se
alienado à grande estrutura. Virou bicho. Coisa.
No entanto, no que
pesem tais aspectos, existem perspectivas de retorno à esperança, ao otimismo,
sim, por intermédio da formação de um consciência histórica comprometida com o
reparo desse quadro torto. Só assim chegar-se-á na porta de saída do erro. As
dificuldades determinam o quanto investir na unidade do grupo social e na sua
mobilização coletiva. Ao trabalho quem aspira melhores dias. O trabalho
dignifica o ser humano.
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