sexta-feira, 15 de abril de 2016

Esse animal que pensa

E que espera, age, sucumbe, levanta a cabeça, sofre, desespera, alimenta, cai, ergue os olhos aos céus e ama, ama muito nas novelas e no anonimato... Nós, esse animal que vive os dias e dias na fome de ser feliz; luta dos insanos combates com estranhos seres das entranhas deste mundo, que somos nós mesmos, que olha aflito o fluir constante das horas pelas chaminés dos destinos, sem adquirir, no entanto, a certeza definitiva de tudo. Observa as alternativas e corre o risco das léguas de desejo, na busca da fonte perene que sustente o sonho da verdade plena, da justiça e do perdão. Essa muitas vezes fera dos irmãos na luta pela poder do chão das almas. Formas e torrões do açúcar que escorrer de bocas sedentas da realização. Tropas e bandos na farra desembestada de posses, apegos vazios, objetos em decomposição; maltrapilhos senhores de inutilidades que traduzam ausências absolutas de convicções consistentes. Sombras essas que assustam as fronteiras da morte. Migalhas de saudades lançadas ao vento da angústia. Esses tais seres pensantes, nós. 


Quais penas ao calor dos firmamentos, eles sobem escarpas e fogem nos becos das madrugadas, sem contar uma história real de progressos e realizações nos moldes limpos de paz e solidariedade. Ampliam os planos, mas largam de vez a convicção dos começos. Enganam, pois, a si mesmos invés de sustentar a firmeza e construir o mundo novo de que tanto fala. Gigantes prematuros, ainda poucos iluminados, que abaixam a cabeça aos instintos da sobrevivência do amor próprio insaciável. Ah! Esses heróis que todos somos e essa disposição de reverter os pecados em virtudes, longe, contudo, das práticas mais que necessárias. Ah! Quanto resta de caminhar até chegar...

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