terça-feira, 12 de abril de 2016

Aventura cinematográfica

Em 1976 vivia o auge de uma paixão pelo cinema. Cursava Comunicação na Federal da Bahia e ganhara de presente, de meu irmão Everardo, que morava em Recife, pequena câmera Super8 e exercitava forte o desejo de produzir filmes daquela bitola reduzida e cheia de possibilidades. Nisso, um amigo e colega do Banco, em Salvador, Boanerges Castro, trompetista da Banda do Companheiro Mágico, me convidara a produzir curta-metragem que registrasse a festa anual de sua devoção, São Gonçalo, no vilarejo de Canabrava, oeste baiano. E seguimos até Livramento de Nossa Senhora, na Chapada Diamantina, onde residiam seus pais. Ele, Isabelisa e eu. 


Antes passáramos por Mar Grande, quando participamos do Primeiro Festival de Música da Ilha de Itaparica, naquela localidade. Dia seguinte logo cedo, pegamos a BR-101 e fomos a Vitória da Conquista, daí Brumado, subimos serra e pernoitamos em Livramento. 

Mais um dia e nos dirigimos a Canabrava, em cima de um carro de boi, pois as estradas ainda nem circulavam de automóveis. Mais outro dia seguinte e começou a festa tradicional, razão da filmagem. 

Lembro como sendo hoje aqueles momentos. Mais dois amigos de Boanerges, também músicos que com ele mantinham o pacto de sempre viram juntos e tocar na festa, acompanhavam  a procissão que circulavam pela pequena localidade, secundada de fiéis procedentes doutras partes do Brasil, filhos e amigos afeiçoados ao santo, algo de devoção e romaria das alegorias divinas de coisas sagradas, espirituais. 

Emoção sem tamanho tomou conta de mim no decorrer do trabalho, acrescida pela beleza natural daquele lugar inesquecível, próximo à Serra da Mangabeira, de que avistávamos ao longe a silhueta emoldurando o brilho daquela espécie rara de santuário, igrejinha perdida nos rincões dos mistérios da beleza e do sonho.

Resultaram em poucos minutos de filme, o que viria a montar, antes de regressar ao Cariri, passados sete anos ausentes. Dele nem guardaria cópia. No entanto tenho comigo a certeza de que Boanerges a mantém com o mesmo carinho que nos motivara a experiência. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário