quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Numa música suave

Quem ama desses amores de não ter tamanho e sente o peito crepitar da mais ardente fogueira, espécie de dor e prazer sem conta, de que se quer fugir, porém recusa por conta das dimensões do mistério a envolver tudo em volta, a esses resta a pergunta descomunal de quando de reunirá em definitivo com a pessoa amada, querendo ser único ente pelos milhões de anos eternos do depois, jamais sair de perto. Essa pergunta certo dia esses personagens responderam com o amor definitivo... Num conto de consequência permanente, despertaram nos braços da fusão dos seres, amálgama das individualidades, esperança dos que aspiram a constância do maior dos sentimentos.

Depois de noite chuvosa do mês de junho com neblinado constante por seguidas horas, veio nascer sol radiante, a iluminar as planuras do mundo. No peito, corações doridos, mas felizes...

Há pouco, na cama noturna, ao lado dela, viajara por dimensões inimagináveis imaginadas, caminhos de campos soltos no ar, cheiro perfumado de amor aceso.

Houve momento enquanto a chuva insistia de jeito teimoso prosseguir, época do ano em que o calor pareceu dominar as ações na busca de encontrar o corpo dela e querer maior aproximação da pele aquecida, para não lhe gerar desconforto e despertar.

Contudo, alta madrugada, o frio sorrateiro tudo envolveu, sem desligar a forte intercessão num barco de afetos singrando mares, sinais da pura felicidade cantada por poetas e línguas gerações adentro.

Com isso, na manhã, o impaciente coração, arrebatado nos dias próximos e seus íntimos dramas, tornou-se integração de vida e acontecimentos costurados a quatro mãos.

A movimentação do sono os acorda entrando dos sonhos, enriquecendo a paisagem da alma de nutrir universos interiores. Aonde olhar, marcas de passos na superfície macia dos corações trepidantes.

Enquanto pessoas chegavam para participar do colóquio, ele organizou os pensamentos nas lembranças da noite. Seus olhos ainda queimados de sono a deixaram dormindo linda, na mesma cama dos abraços dadivosos.

Saíra e levara consigo saudades sacudidas ao vento da manhã que circulava pescoço, rosto, cabelos, no dia claro, matriz da infância distante, de características semelhantes pelos amores vivos na beleza da virtude sertaneja.

Afinal passaram dias pródigos de apreensões. A noite representara a cicatrização das feridas antes abertas e pegajosas. Ele preservou na memória o traço escultural das curvas do seu corpo que há pouco afagara cheiroso, leve, brisa bailando no desenho das nuvens, na festiva manhã.

O dia amanhecera com imagem dela a se superpor na consciência através dos elementos da luz refulgindo milhões de pedacinhos espalhados na estrada, vidrilhos de carinho. E quando o espaço reuniu o tempo num só beijo indivisível foi que notou as duas impressões da noite no dia especial no formato de flores vivas, soma das duas metades em completude absoluta, para sempre um só ser assim.

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