quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Distância oceânica entre saber e sentir

Dentro das paredes frias da razão ali habita só um senso vago de certeza, uma ligeira sombra da consciência absoluta, enquanto no íntimo do sentimento vive solta a imaginação do sentido maior das exigências. Em ambos os espaços tateiam as percepções humanas, movidas pelo instinto forte da descoberta, no âmbito infinito da Eternidade. O homem, esse pigmento das eras, espanta dias de respostas menores à busca da resposta principal, fruto dos dilemas da vida. Com isso, ele sustenta a tese de ansiar a localização de querer firmar os pés na concretude dos campos do definitivo. E amarga os travos da incredulidade e esgarça com as unhas afiadas o teto do firmamento, a clamar indagações sucessivas (- Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes. Embuçado nos céus? – ditos fronteiriços do Poeta dos Escravos).

Porém há mais mistérios entre o Céu e a Terra etc., etc. Quer-se andar em círculo quando a dor da dúvida fere o sentimento e vibra diante das artes e belezas do Universo, tanto dentro quanto fora da gente mesma.

A vontade temporal das criaturas pede que avancemos um pouco mais nesse esforço do saber que use elementos válidos das experiências dos outros também sábios. Quando acontece a realidade eterna em nuvens de não saber resta a luz do sentimento qual instrumento de pesquisa, forma de desenvolvimento que beira as revelações místicas do que conhecem a força do perene daquilo que não cabe nas palavras, algo que nasceu antes dos primeiros fôlegos, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, pois coração é mundo em que ninguém anda, na pergunta dos orientais: Qual a minha face antes de meus pais existirem?

Nisso, há ciência na dúvida e sinceridade na busca, o caminho de todas as certezas.  

2 comentários:

  1. Haverá um dia em que encontrarei a a forma e a leveza de transmitir meus pensamentos com a eloqüência que o você o faz. Parabéns meu amigo.

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