segunda-feira, 25 de março de 2013

O caldeireiro


A gente lê ou escuta as histórias e elas permanecem vagando nos espaços internos da mentalidade criando corpo, incentivando e conduzindo a sobrevivência nos solos férteis da alma, às vezes mais nítidas, noutras, distantes, quase esquecidas. Vezes ganham forças e regressam aos momentos e pedem uma forma, querendo chegar às pessoas de algum jeito.

Esta, pois, que conheci através da Neurolinguística, psicologia prática de unir as palavras nas formulações de pensamentos e oferecer condições de mudar as circunstâncias pessoais, transformando conhecimentos em atitudes.

Ela diz que houve um caldeireiro de navio que, depois de longo curso pelos mares, resolveu pedir dispensa da função e se aquietar em lugar qualquer do interior dos Estados Unidos.

Passados meses da substituição do caldeireiro, aconteceu, em alto mar, de o barco estancar a caldeira, problema que ninguém consertava, parecido quando os burros resolvem acuar num canto sem justificativa clara das suas intenções, se é que burros ou caldeiras têm intenções.

Naquele vai e vem de solucionar o grave problema da caldeira do navio, desesperado, o comandante lembrou o velho caldeireiro, e acharam onde ele vivia. Foram até ele e pediram auxílio.

Já no navio, o homem, que conhecia as manhas da caldeira, aqueceu a fornalha da máquina; mexeu daqui, mexeu dali; auscultou as paredes do tanque de vapor, acionou os controles; e nada. Então, requisitou um martelo grande, com que, calmamente, desferiu porretada monumental em lugar determinado da engrenagem.

Sem mais, nem menos, a caldeira estremeceu por dentro, chiou fundo resfolegou demorado como que toma fôlego e voltou a se movimentar qual animal que voltasse a viver. A alegria estampou no rosto dos marujos e o barco ganhou vida nova.

No dia seguinte, o caldeireiro foi chamado ao escritório da companhia. Iria receber o pagamento da tarefa solicitada.

- Mil dólares – de imediato, o profissional pediu pelo serviço.

Com isso, deixou admirados os donos da empresa, pois acharam a soma demasiada:

- Mas mil dólares só uma marretada, o senhor não acha que é muito, não, por trabalho tão pouco?!

Bem humorado, o caldeireiro riu, logo em seguida respondendo:

- Bom, pela marretada cobrei apenas um único dólar. Os novecentos e noventa e nove restantes custaram por saber onde aplicar a marretada que utilizei na caldeira, e lhe reativar as funções. 

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