domingo, 23 de novembro de 2025

Razão e sensibilidade


Nalguns momentos, vêm e somem logo em seguida este senso do invisível nas culturas e sociedades. Enchem mil comportas de pensamentos bem elaborados, no entanto soltos quais folhas que voam ao vento das ausências, restos e repastos do que antes fora, contudo. Esforço das tantas funções, são, a bem dizer, máquinas perfeitas de pensar, imaginar, dizer, porém, nas justas jornadas, trazidas em sonhos de volta às fogueiras findas no correr das horas.

Daí as quantas meras aventuras de compreender espalhadas no firmamento das gerações, revistas e guardadas pelos que vieram depois, até então no tempo das eras, compêndios acumulados em bibliotecas imensas. Com isto, há limites inevitáveis de querer contar e aprender das histórias momentâneas trazidas pelos séculos. Face a tanto, nasceram as ideias, os monumentos, as máquinas, cidades, construções geniais de um chão quase perpétuo. No entanto, aonde irão exercer os papéis da perfeição a não ser através das mesmas criaturas que hoje sabem de tudo, talvez?!...

Viver o que pensam, imaginam, requer, por isso, esforço soberano de subjetividade, o que os textos carecem de poder dominar. Existem, nisto, as individualidades, único lugar disso acontecer. Vez em quando um desgarra das tais teses e exercitam os roteiros ali previstos em tão inspirada exatidão. Haver-se-ia de ser desse modo, conquanto as técnicas e os calendários carecem de demonstrar na realidade o senso de conhecer que eles acumulam. No Amor, portanto, na consciência de si, de lá que advêm os sentidos desde há tanto aguardado nas esquinas deste mundo.

Viver, vivenciar, o que resta de acontecer às criaturas pensantes, agora sensíveis ao poder de contar e transmitir exaustivamente. Algo de razão maior do que a simples razão de fazer disso os pensamentos que ora circulam nesse universo dos seres inteligentes da Criação que vemos a valer. Além das considerações eventuais, importa agora interiorizar e usufruir de perto aquilo de tanto tempo que sobrevoa os destinos e as mentalidades. Conhecer no íntimo os princípios e as oportunidades vindas ali no coração, e assim saborear o quanto, desde tanto, se soube apanágio de longos passados, afinal a hora existe na essência de cada Ser a que isto aconteça.

sábado, 22 de novembro de 2025

As certezas da sorte


Qual quem faz jogos de uma grande loteria a céu aberto, assim vagam soltos nos ares os humanos. Supõem e jogam ao sabor dos ventos, ao afã de continuar vivos no decorrer das existências, quem sabe? Viajam, pois, entre si, instrumentos de uma imensa festa, a sós, submissos aos desvãos dessas paredes que têm os labirintos abandonados. Afeitos diante dos julgamentos sucessivos dos outros, padecem do senso crítico a que são passíveis, vilões a meio dos santos libertos. Desfazem planos, reconquistam empreendimentos e suportam sobreviver nas fases constantes de seriados intermináveis.

Tais heróis de si próprio, vadeiam impávidos pelos corredores acesos dos transes à toa dessa gente. Usufruem, vezes sem conta, das consequências e das horas, intrépidos, galantes, sórdidos, mordazes, mesmo assim peças inevitáveis de um quebra-cabeças monumental das circunstâncias. Disso, trazem no íntimo da pureza os heróis e o vigor das aventuras errantes. Com isto, sustentam a memória de todos acontecimentos da raça inteira e aceitam o crivo dos destinos, espécie de seres que moram nas profundezas de tudo quanto houve desde sempre.

Naus sem rumo, mantêm na boca o gosto amargo das verdades eternas, e nisto preenchem os horizontes com as raízes de tantas luzes e roteiro dos gestos a que ora se veem submetidos. Intérpretes de quantos romances, rumores de todo diálogo, ainda entoam cânticos das cavernas às escuras dos firmamentos. Sonham além do que houvesse, e desfazem no amor suas maiores contradições trazidas no bojo dessas naves que os conduzem até hoje, vindos de lugares então desconhecidos deles e dos demais.

Porquanto pudessem narrar quantas histórias dos passados mais distantes, e seguir-se-iam afeitos tão unicamente ao claro dos sóis e esconder-se-iam em tradições deixadas ao relento nas fagulhas da outras lendas. Este o perfil dos antigos moradores de um território imaginário inscrito nas paredes desse chão de consciências, valores sacrossantos dos séculos esquecidos.

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Cantar é com os pássaros


Bom, diante de tudo que esteja escrito nalgum lugar, ser-se-á, sem sombras e dúvidas, as mesmas artimanhas do Destino em movimento. Face a face consigo só, eis a trama inigualável diante do que haver-se-á de responder aos berros da imensidão que carregam no peito aonde quiser ir. Contrastes de si aos olhos dos sentidos e do mundo em volta, usufruem da grandeza quais pergaminhos lá de outras histórias, talvez, e seguem aqui grudados na crosta do mistério feitos sargaços e trâmites que deslizam nas praias da Eternidade e somem aos hálitos do mundo em submissão.

Vistos assim, de tão simples que sejam tais protagonistas, eles vertem seus fervores das tantas luas que, de longe, as contemplam interrogativos e dormem logo depois firmes, impávidos, nas versões correntes dos credos. Uns aos outros, pelas longas estradas disso tudo ao único movimento das estrelas. Fôssemos compreender a quantos segredos e esqueceríamos de vez a que viemos nesse palco vasto do definito, numa outra e única direção...

Daí, os roteiros iguais a continuar, passos sem fim, no que distantes aconteciam e hoje prosseguem montanhas a fim, paisagens inesquecíveis de muitos céus, vales inteiros de lucidez, langor, felicidade, logo ali desfeitos nos fiapos dos seres escondidos nas capas do Infinito. Há de escutar benditos, litanias, teses, em seguida sufrágios dos antigos habitantes desse meio enigmático. Períodos e frases transcritos na pele de madrugadas imensas, contidos na consciência de todos, significam isto o desenho das gerações e dos milênios.

Conquanto sejam autores das próprias percepções, no entorno do rio profundo das almas daí nascerá o sentido, livre e soberano, daquilo que desde antes haveria de ter sido. Repastos de missões a bem dizer impossíveis de cumprir, no entanto vêm testemunhas das vidas que os transportam a paragens quão reais lhes impulsionam, pois.

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Marcas do Infinito


Existir, houvesse onde e quando. Bem aqui, à borda do abismo. Nisto, nas ondas inegáveis da existência. No íntimo do que se seja, criaturas e o senso da procura. Quadros por demais de tudo quanto há, enfim. Mecanismos incontidos, seguem os turnos, as vidas, movimento constante das histórias e dos dias. Nesse afã, o trazer das interrogações. Quanta vastidão e os números, as individualidades a percorrer casas impossíveis então de uma compreensão absoluta. Ser-se-ia, nisso, testemunhas da imensidão aos próprios pés e visões.

Enquanto isto, aqui narrar dos eclipses e das flores, espalhados pelo espaço imperscrutável dos acontecimentos em tudo. Luzes, escuridão e cicatrizes do inesperado a envolver o quanto há desde sempre, nem se sabe quando. Esse vazio a ser preenchido lá certa feita, ao sabor dos segredos multicoloridos das eras e das artes, em um firmamento enigmático. Neste afã de interpretar os destinos seguem comboios de gerações inteiras, tangidas pelo Tempo.

São fases quais sejam de avaliar a que vieram, silenciosos, solenes, cheio do vigor original, à busca do itinerário a viver sob o manto das determinações que os animam, no penhor das circunstâncias várias. E na ânsia de continuar, acalma em si o crivo das determinações, horas a fio, navegantes audazes do mistério silencioso. Daí, conquanto as palavras insistam dizer, resta tão só o aspecto definito de tudo, enquanto. Sustentam a faina de alimentar as aventuras e dormem consigo próprios no limbo deste universo ilimitado.

Bom, os raciocínios sobrevivem disso, à força propulsora da dúvida e de respostas raras, sempre no íntimo das criaturas, solitárias viajantes das estrelas, na fleuma de tocar adiante, custe os turnos e as distâncias, vidas soltas ao fervor das existências. Olhos absortos na presença dos infinitos em volta, pequeninos seres apenas sonham lá um momento de ver abertas as portas definitivas do coração e conhecer a essência que os traz consigo até este Chão.

Agostinho Balmes Odício

Ele nasceu em 01 de maio de 1882, em Turim, na Itália, à Via Carena n°. 8, filho de Pedro Odísio e Maria Balmes Odísio. Desde cedo demonstrou tendências artísticas, tendo participado de uma banda de música aos 17 anos, e escreveu peças de ópera, apresentando-as em sua terra natal. Dedicou-se à escultura através de arte sacra em igrejas, praças, cemitérios, e fazendo estátuas, medalhões, bustos e esculturas de personalidades ilustres, inclusive um busto de Vitorio Emanuelle II, no Palazzio Venezia, em Roma. Com isto, conquistou uma bolsa de estudos na França, na Escola de Belas Artes e Arquitetura de Paria, sendo então discípulo de Augusto Rodin, dos nomes mais destacados na história da Arte.

Chegou ao Brasil em 1913, aos 32 anos, tendo trabalhado em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraíba antes de vir ao Ceará. Foram várias as cidades cearenses onde desenvolveu suas atividades, dentre elas Aurora, Baturité, Cedro, Caucaia, Guaramiranga, Fortaleza, Crato, Juazeiro do Norte, Jardim e Sobral. Em Fortaleza, publicou o artigo A fisionomia da pedra, motivo, inclusive, de ganhar prêmio com dita publicação. Em Crato, foi o autor da Coluna da Hora situada na Praça Francisco Sá, que tem a destacá-la o monumento do Cristo Redentor, em proporcionais ao do Cristo Redentor do Corcovado, no Rio de Janeiro. A edificação coube ao Mestre Vicente Marques, nos idos de 1926, inaugurada com a chegada do trem à cidade.

Agostinho Balmes Odísio merece destaque em face das atividades a que se dedicou nas áreas da literatura, escultura, arquitetura e música. Veio a falecer em 29 de agosto de 1948.

 

Dados em referência obtidos através de texto da autoria de uma neta do escultor, Vera Odísio Siqueira, publicado no livro Memórias sobre Juazeiro do Padre Cícero, de Agostinho Balmes Odísio, edição do Museu do Ceará, de 2006.

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Diagnóstico dos tempos


Fala-se isso ou aquilo do que antes aconteceu neste chão dos reinos e reinos e doutras aventuras errantes a bordo de histórias esquecidas ou ainda lembradas dalgum jeito. Quais fragmentos, pois, de miragens e delírios, existem oásis de memórias alimentados no instinto de quem sobreviver a qualquer custo. Mesmo destituídos das certezas que ora carregam no bojo da alma, as espécies insistem continuar vidas a fio sob o signo dessas estações. Tais nuvens esparsas em longos trajetos no azul do céu, os minúsculos seres prevalecem ao fervor de antigas distâncias, de olhos fixos no quanto persistir, e recontam suas velhas atitudes dos a bem dizer iguais, no entanto meros segmentos de lendas deixadas pelos caminhos em forma de consequências.

Houvesse princípios inevitáveis e deixar-se-ia de querer tantas viagens pelos desertos da solidão individual e, de novo, permaneceriam extáticos, inertes, ao sol do meio-dia dessa epopeia de papeis e folhas atirados ao vento da sorte. Conquanto desejos alvoroçados de realizar sonhos, insistem viver ficções inimagináveis de ilusões e desencantos. Perguntam a si dos transes e das quantas possibilidades a sustentar barreiras imensas de guerras e vaidades, vilões de versões e vítimas dos próprios augúrios.

Nisto, é-se de quase tudo nessa luta de redistribuir riqueza e trabalho ao sabor dos instintos e das cores. Ao passo de escritas largadas fora, restam paragens harmoniosas ali abandonadas de filmes e livros, canções e louvores, numa marcha sem fim rumo à busca de valores ao crivo das eras que foram embora. Daí, desses entes que nascem dos dias fruto de palavras e objetos encravados pelos abismos só agora reunidos ao furor da necessidade, urge existir dalgum modo nalgum instante e no que quer que seja.

Assim, riscam o horizonte as primeiras luzes doutras transformações desde há milênios sustentadas pela continuidade, o que deveras satisfará, desde sempre, o poder avassalador doutras alturas lá de dentro dos mistérios, a corrigir de vez o trilho do Infinito às mãos de rotinas e formas jamais de longe imaginadas. 

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Sons da noite


Lá de longe, enquanto parecem dormir, os mundos insistem dizer das lembranças guardadas numa persistência de causar espanto. O silêncio veste seu traje de aparente cumplicidade, pois deixa que lhe invada o eito, trazendo de volta tudo aquilo largado pelas calçadas do Universo, isto numa só consciência, acordada bem nesta hora. Misto de emoção como vidas que circulam nesse pequeno espaço das gentes, algo impõe existir dalgum modo a concretude nos quadrantes do Tempo. Assim sorrateiro, segue o ser. Transcende os instantes ao custo de escutar entre as sombras o crivo de presenças vindas nem sabe de onde, que preenche a noite e desfaz das ausências detalhes esquecidos a meio de tantos escombros e visões.

Tropel de quantos seres, sabe-se, na distância, o fervilhar dos habitantes desses reinos infinitos das atitudes, e percorrem largos roteiros; são as histórias aqui contadas aos céus pelos entes encapuzados, vultos vadios, trazidos pelos riscos da solidão sem par. Desconhecidos de tudo, porém afeitos aos mesmos sóis de antigamente, vagueiam nos dias quais senhores de si, sem, no entanto, reconhecer a que vieram.

Visagens do inexistente, pisam o solo da imaginação feitos almas penadas das próprias ansiedades, todavia. Peças de engrenagens até então indefinidas, transitam as paisagens abissais no auge do desejo perene das buscas inevitáveis do que ainda ignoram, e alimentam de sonhos as dúvidas inscritas no coração. Alimárias de rebanhos deixados ao relento, aceitam, entretanto, conduzir discernimentos de procuras no aberto dos destinos da imensidão.

Ao que, outrossim, lhes restam os pensamentos e as palavras, animais selvagens dessa floresta sagrada aonde, certa feita, houve de recontar todos seus haveres e desfazer no mistério donde vêm as dores d outras amarguras, pedaços dos arvores preservados a ferro e fogo no altar de plenitudes tão só sustentadas no fervor das lendas que guardam. Seres e sons, viventes das horas perdidas e dos gestos da procura; percorrem o transe da humana indagação, e aceitam, destarte, tocar adiante o longo intervalo desta era que lhes coube assistir.