domingo, 7 de dezembro de 2025

Livros abertos


Depois de algum tempo a claridade vem à tona e restam esquecidas as primeiras suposições do que seja essencial na cultura humana. Isso de gostar de ler, por exemplo, deixa de significar o faz de conta que ora domina a bem dizer quase tudo. Nas estatísticas, o País perdeu em torno de 7 milhões de leitores; que os livros somem numa velocidade estonteante. Quando, na verdade, quem gosta de ler jamais abandona o ofício, isto pelo prazer inigualável dessa atividade tão fascinante. Respeito os que buscam outros meios de mergulhar pelos páramos da inteligência, no entanto aprecio sobremaneira o gosto da leitura qual prazer inestimável.

São tantas as escolhas, desde caminhar, praticar esportes, viajar, escrever, desenhar, cantar, compor, cozinhar, fazer crochê, bordar, dirigir, pintar, nadar, costurar, velejar, jogar gamão, xadrez, damas, comer, beber, criar animais, etc., que nem de longe nos permitiria definir essa ou aquela tais fossem as mais ou menos importantes. Respeito, pois, o gosto das pessoas, do mesmo jeito que quero que respeitam o meu gosto.

Ao que quero crer, vivemos uma época de síntese na História. Os meios da tecnologia aceleram cada dia esta definição. Nisto quando o computador de bolso (o celular) passou a ser gênero de primeira necessidade, algo talvez nunca imaginado antes, antigamente. Aulas ilimitadas percorrer os sinais da nova mídia, permitindo conhecer autores de toda época e pensamento. Só se tem a considerar a importância e o poder desses instrumentos atuais de comunicação. Face a tanto, significam livros em profusão através dos veículos inimagináveis que cobrem os dias. E lembrar que a base disso tudo vem dos livros, desde lá longe quando nem eletricidade havia em uso.

E livros ganham o âmbito da Internet, sob a denominação de ebooks, porém impossível de superar o charme do livro físico, agora assim considerado nos novos tempos, novos sonhos...  

Realidade além dos pensamentos

 

Rios e rios de ilusão antecedem, pois, a natureza das existências. Enchem de farpas os destinos e os mantêm sob controle dalgum significado só parcial. Superpõem possibilidades outras que não a verdade derradeira do Ser. Tais frases de impressionismo dissimulador, dominam entes e ocorrências naquilo denominadas percepções imediatas, prazeres fugidios. Assim, quais senhores de sistema adverso à evolução, entes transitam soltos no meio dos humanos. Fazem deles instrumentos de jogo imaginário a que definem realidade sem o sentido no que de real signifique.

Nisto, protagonistas desse dogma na forma de desafio, os pensamentos funcionam quais espelhos, a fomentar submissão aos padrões ali estabelecidos. Imitam o querer próprio, contudo submissos ao mistério do desconhecido. Vivem, porejam, padecem, arrastam consigo o tesouro dalgum dia da pura libertação do que seja estar aqui. Mesmo que dotados de liberdade, apenas farejam o encontro, sementes doutras árvores guardadas em si em potencial.  

Heróis da sorte parcial, viajam pelas eternidades quais alimento dos deuses, ficções de sonhos imaginários. Tecem longos trechos de realidades aparentes enquanto decifram os caminhos da revelação. Nesse curso inevitável, fomentam o desejo da plenitude. Superpõem fantasias ao princípio absoluto que lhes transitam e de onde procedem. São caminhantes ocultos da consciência em andamento. Deles os mundos e os tempos se veem dotados, pigmentos de um painel infinito a criar emoções e contar suas antigas epopeias ao correr dos séculos, até então.

Valem de rascunho daquilo em formação. Percorrem o largo das criaturas a viver as vidas em sucessivas miragens. Repassam esse jeito adverso de tocar os sensos, porém na forma de artimanhas fictícias. Exaltam méritos artificiais. Isso o que os espaços do Chão definem de verdade e qualidades, embora não sejam, desse modo; apenas trastes e expectativas.

Lá dentro do tesouro das existências, transpostas as crostas do abominável, dali nascem as flores. Mineram o sol da transcendência no mar dos significados definitivos.

(Ilustração: Sessão de jazz).

sábado, 6 de dezembro de 2025

A arqueologia do futuro


Desde os princípios isso, de certa feita, que marcaria o encontro  avaliar tudo desde então. Admitir as oportunidades largadas fora. Aceitar o fruto das promessas não cumpridas no íntimo da dor a se repetir quando lembrada fosse. No frêmito de haver previsto e não realizado, contar das vezes quando buscava as certezas e as via pouco ou nada dar no tanto insuficiente. Querer expressar firmeza, enquanto o senso ainda previa novos sustos seriam cobrados a duras penas e preenchidos pelas respostas de animais quiçá semelhantes virem a possuir o dom da profecia.

Nisto, num lastro de artimanhas, foi transformado em dúvidas essa motivo, outrossim necessário, sendo de revelar a si próprio aquilo de antes aceito nas raias da normalidade hemisférica. Desvendar o mistério do ser, missão por demais, e compreender a urgência da aproximação do interior da existência, dessa revelação da essência consigo. Pacificar os desejos numa só direção. Palmilhar o chão das heranças trazidas até aqui, agora noutras possibilidades, na união ao princípio universal da prudência. Vêm disto a realidade, resultando na distinção dos princípios originais postos no campo das emoções verdadeiras dos tais seres anônimos em busca da plena realização de tudo a céu aberto, no prisma do inevitável e eterno.

Esclarecer, portanto, nas palavras que nascem, crescem e somem em seguida, a exigir atitude coletiva que corresponda ao que tanto aguardado em face do mistério. Aquele universo gasto no passado, vida sem finalidade, nestante que pede coerência. As descobertas chegam disso às virtudes postas em prática pelos comportamentos íntimos dos seres. Há um momento quando dois viram só um, único e heroico, dos fragmentos das fascinações que lá longe somente agora reclamam serenidade e contrição absoluta.

É de saber, nalgum dia de claridade, que os humanos são o instrumento que a Natureza fez valer de transformar matéria em Consciência.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Trilhos do Tempo


Falam dos rios a céu aberto no espaço, água que vagueia ao dorso do Infinito quais sendo fonte de abastecimento dos mistérios cósmicos. Isto sem levar em conta tantos outros dos fenômenos que nem de longe haver-se-ia de registrar daqui donde nos encontramos. Daí, as façanhas espalhadas pela caligrafia das civilizações. Sequências inteiras de seriados no lombo do Tempo que viram outro caudal de ocorrências e circulam durante as eras sem fim.

A bem considerar, de quase tudo resta a distância de lá um dia tocar nas consciências entorpecidas pelas limitações da matéria, e nisso buscar a própria fome, anseios de realização de quantos passos adiante sobram acontecer. Existem as cercas da possibilidade em termos do labirinto que constrange a todos. Ainda assim, muito se andou no solo das fragilidades e cultura tamanha fez morada no coração das gentes que ora percorrem o espaço.

Desde o instinto das palavras às intuições continuadas, avanços sem limite despejam réstias no horizonte, feitos lâminas de fogo na pele dos sentimentos. Antes imaginavam aos pedaços o que agora descobrem. Herança de sonhos, as noites viraram dias. Aqueles meros seres primitivos contudo estendem o território da história aos recantos menos considerados naquelas horas atrás. Até já admitem aceitar padrões recentes de felicidade mecânica, desejos feitos tatuagens e pergaminhos na pele e nas muralhas disso em voga pelos dias.

Os textos ficaram menores. Livros passaram a ser relíquias. Templos preenchem de cores as convicções antigas. Indústrias desmancham pedras em minúsculos artefatos a encher os oceanos de sons. Buscas persistentes e as criaturas invadem as estrelas. Naves então desconhecidas percorrem roteiros diversos e fossem retalhos de objetos esquecidos nas praias impossíveis.

Se vissem, pois, o que caberá logo à frente, essas versões atuais desde sempre tão só perderiam o sentido, lagos escuros doutras vezes abandonadas pelo poder da liberdade, e a braços ver-nos-iam como verdades eternas.

(Ilustração: Castelo de Brennand, Recife PE).

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Luar de verão


Nisto de se ver assim a bem dizer observador assíduo de palavras e sentimentos nas superfícies escorregadias do Tempo.  Observadores contumazes apenas fitam abismados as grandes navegações, no entanto de olhos fixos no imaginário lá de dentro de si. Pequeninos espaços vagos de transes inexplicáveis, viajam em gestos e dúvidas, aves raras de mundos maravilhosos, suspensos entre as muralhas desses continentes da imaginação, e suportam, decerto, as histórias atiradas a fio na própria cara.

A Natureza persiste num prisma leal de tocar adiante o que lhe coube fazer, a braços, porém, com as atitudes dos astros pelo silêncio do Universo.

O que mexe conosco são esses filmes repetitivos de dramas mordazes, fixos nas interrogações internacionais das existências que restam. Raros que deixam margem a sorrir, desfrutar das certezas inevitáveis do que virá, conquanto altos e baixos. Tudo segue inexorável a um fim útil, livres das aflições que cercariam os cartazes dessas películas de guerra ou dos transes milionários de grupos alucinados, ao longo dali desfeitos nas nuvens da imensidão.

Há uma trilha sonora de verdades eternas a percorrer artérias e veias desse mundo. Consciências norteiam séculos aos milhares, sejam quais entes que escrevem o definitivo no paraíso das sortes. E numa deriva a bem dizer persistente, águas passadas nem movem mais os moinhos do que ficou na inexistência. Sustentar, por isso, o desejo das situações felizes passa a significar o gesto de estar aqui e sobreviver às intempéries dos destinos.

Ouvem-se de não sei quando os ecos de longas litanias que lembram das vezes em que o clamor de eternidades fez morada no coração. Vozes sem conta invadem gradualmente a trilha dos valores e, de hora a outra, tudo pode significar um senso de perfeição nos verões que chegam ao fim e desaparecem no céu.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Painéis do Infinito


Seres complexos de contemplar lá qualquer vez e a isto se é nestante. Incontáveis distâncias os encerram diante do indescritível pelas eras sem fim, um a um, a sós. Distinguem a vastidão e padecem das existências logo nesse início doutras histórias, a preencher os quadros constantes da dúvida, ao sabor de passos que somem num passado de ficções. Contêm, sim, destarte, a inteireza dos mundos, segredos em movimento na face dos destinos em volta. O mais ser-se-ia contar de seus padeceres, retalhos das horas através da imensidão. Buscar conhecer de outros sóis, nem que as distâncias sejam incapazes de revelar, contudo.  

Antes, escutar o silêncio por meio de tantos haveres que as próprias palavras adormecem ao sabor do quanto existe logo, agora. Multiplicar definições, o grifo das cidades e dos reinos até então desaparecidos. Mergulhos nefastos, sórdidos penhores. Daí, longos percursos através das consciências e a dor da servidão que distingue rastros de civilizações no além desaparecidas. Quer-se, no entanto, revelar de tais definições grudadas nas ausências, meros signos dos instintos largados fora sobre a lama de tantas aventuras.

Elas, criaturas ainda sombrias que definem o transe das antigas concessões dos pensamentos num instante viram só vontade a bem dizer insana de compreender os motivos desses raros sentimentos perante o imensurável. Interrogações. Contrastes de criaturas distintas. Multidão. Enigmas pelos desertos e milênios. Mais que tudo, a angústia de indagar e haver de suportar o itinerário ao dispor nos pés do Tempo. Enquanto isto, que seja viver, permanecer a bordo das visões e distinguir a liberdade individual imperecível.

Quais objetos soltos nas longas paisagens do horizonte, dali nascem os rios, cantam os pássaros, fervilham e padecem aqueles vindos de estações e degredos desde sempre retratos circunstanciais da perfeição, porém caricaturas de iguais sabores amargos, viagens insólitas de heróis em contrição nos braços da esperança.

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

As gerações


Vez em quando observo as paisagens humanas qual nesta noite ao avistar, sentados na frente de uma casa simples, no Bairro do Seminário, em Crato, dois netos e uma avó. Eles, de olhos fixos no celular. Ela, a própria resignação do quanto existiu nesse abstrato de vistas ao infinito dos céus lá de dentro da alma. Duas realidades e uma vida. Nelas, a imensidão. Bom princípio do que vislumbrar desse enigma do que seja ser e estar, então. Corredores de labirintos imensos nas chances de gozar da liberdade enquanto aqui.

Neles, o infinito da ilusão a perder altura no intrincado de momentos feéricos de luzes e formas, meandros de conjecturas em movimento às mãos de quem observa o inesperado pela técnica em vigor. Nela, o altar das tantas circunstâncias, desfeitas em gestos e sentimentos distantes, só agora revelados na intensidade das certezas que já saboreia.

Bem isto, naquilo das ausências de quem testemunhou prazeres e vilezas de estar no Chão e cotejar as encostas dos dias através do trabalho, das interrogações e expectativas em forma de orações, das quantas verdades cravadas no instinto de sobreviver, na servidão de continuar a todo custo face ao desconhecido. Algo de sagrado na fisionomia desnudada pelo tempo, de alguém resignado às verdades incontestes de existir inevitavelmente.

Noutro patamar das iguais condições de ser, os netos. Ao furor da tecnologia, um a um veem-se no interior de si, no entanto apenas submersos ao inesperado, frágeis protagonistas do que há de vir certa feita.

Longe que seja doutras avaliações e conceitos, três faces em ocasiões distintas desse caudal de tantos acontecidos que significa contestar e realizar o princípio da consciência nos seres. Autores de longas histórias gravadas pelo Tempo através das criaturas. Ali, atores dos dramas, das comédias que hão de repetir a sensação de experimentar a vida, sonhos constantes dos outros que, talvez, perto deles toquem de frente o antigo fervor das existências depois deixadas ao léu e que comporão as cantigas da presença nos corações que, nalgum lugar, possam usufruir das cenas sempre atuais de estar aonde sigam ao sabor dos destinos.