De mesma vontade de tantos vêm os tais instrumentos de acreditar nos sonhos desde sempre. Na longa caminhada, filamentos descem dos céus e preenchem de cores os sentimentos, demonstrando sua força que domina os mundos. A meio disso, os habitantes de estrelas se põem a observar o Cosmos e percorrem esses longos corredores dos hemisférios, cientes, a bem dizer, donde chegar-se-á momento destes. Nascem lá de dentro das nuvens. Descem contrafeitos ao panorama dos momentos e anotam na memória traços inesquecíveis, guardados nas ilhas da consciência.
Perante quais lendas, descobrem existência até então que viviam
tão só nas impressões gravadas nas ausências. Superpõem vagas lembranças dalguns
seres com quem trocaram códigos de muitas epopeias e agora andam lado a lado.
Das muitas e mais variadas espécies, são entes a procurar e bem dizer o que
significa aquilo enviesado no íntimo das mesmas criaturas que ora estejam do
seu lado, aqui. Blocos de significados mostram características diversas. Às
vezes, animais, visagens, flores, outros humanos trajados de fantasias e gestos.
Qual o quê, viajam pelas alturas e permanecem escondidos nas
sombras e nos bosques. Sobrevoam o teto da imaginação e resistem a duras penas aos
mergulhos de quantos já sumiram, diante dos dias incontáveis deste chão. Fossem
revivê-los no fulgor das criaturas, desvendariam, de certeza, todas as aventuras
humanas dos infinitos transitados antes. Mas significam, por isso, as paisagens
das entranhas de si e constroem esses palácios do mistério.
Andam soltos em longas alcateias deixadas ao leu da sorte. Tramam,
exercem papeis estoicos, transparecem superpostos na caligrafia dagora,
enquanto novos acontecimentos exercem iguais oportunidades aos que desfazem no
Tempo suas mesmas histórias. Descritas, pois, várias situações, eis que nos
vemos face a face conosco próprios, a interpretar códigos sem final ali
contidos nas inúmeras bibliotecas deste mundo.
(Ilustração: Aldemir Martins).
