Mais que puro enigma, o Tempo faz e desfaz a todo instante.
Fogueira acesa nas abas do Destino, esse ritmo feérico sacode a essência de
tudo e deixa de lado as marcas de novas interpretações. As convenções valem
pouco, nesse afã de passar inevitável. Apenas isso, seres anônimos que observam
e se desfazem ao cair das tardes. Exímios fazedores de histórias, também as
esquecem aos finais das quermesses irreverentes do dia. Nós; que fossem outros,
no entanto, minúsculos seres dessa lenda, adormecem, lá longe, sobre os
próprios exílios que fizerem. Criam e a elas alimentam, nas ilusões enternecidas.
De quanto seja, resta o silêncio e as flores das estações, que também fogem de
si no esquecimento voraz. Horas a fio, o comboio dos presentes em
desaparecimento ora some no quebrar das resistências. A cada todo instante,
novas circunferências que foram e voltam em seguida...
Sim, disso nascem as músicas, os sons da Natureza, as cores
e o vento dadivoso. Lá em cima, os astros cruzam enquanto existir o eixo perpendicular
que os sustenta nos seres; porém persistirá no sentido adormecido das
consciências aladas. Vezes seculares e os céus em movimento contorce o vazio
das noites. Detalhes do Infinito acendam novos dramas pelas telas do sentimento.
Pessoas que vêm, que vão, indistintamente, no pulsar dos corações. Luzes
constantes, somos esses autores e protagonistas da velocidade e dos amores
fugazes. Meros significados adormecidos, abrimos o caminho da dúvida e
mergulhamos no depois, feitos mercadores da consciência.
Querer ou duvidar, resta viver e sonhar, unicamente. Quase
nadas nas engrenagens do impossível, existisse a água e vagaríamos ausentes no
Cosmos. Tantos, e tão luminosos seres, guardam consigo a chama do mistério;
sofrem ou gozam dos segredos na Eternidade logo ali agora, pois. Disso,
retalhos de tecidos imaginários preenchem o cenário do desejo e escutamos calados
as poucas palavras a ouvir na solidão.
(Ilustração: Vladimir Kush).
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