domingo, 13 de outubro de 2024

Enquanto isso II


... Saber-se entre sonhos, pensamentos e palavras, tudo toscamente resumido diante do inesperado que nunca cessa de continuar existindo. Espécimes de um Universo ilimitado, fagulhas do mesmo céu, no entanto, e aqui haver de seguir para sempre. Folhas de antigas estações desaparecidas ao vento da sorte, regas de velhos rios em movimento às bordas do oceano inimaginável do Eterno, todos adiante, presas do instinto de tocar os desejos inconfessáveis, instrumentos de si só a meio de tantos desafios dessa gincana adrede preparada a que víssemos os laivos de fantasias criadas a cada instante.

Lá fora, o caudal de contos deixados nas horas; livros, filmes, notícias, versões, viagens, astúcias, pergaminhos, mausoléus abandonados, lendas vivas, ficções exacerbadas, horários a cumprir. Onde antes nada havia, depois também nada haverá. Painéis de cores estonteantes preenchem os dias de tantas luzes que nem de longe poder-se-á deduzir a fome do que padecem os refugiados das guerras, os enfermos nas emergências, os animais nas florestas incandescentes, as noites insones dos esquecidos.

Porém existem funções individuais inevitáveis, a contorcer as entranhas dos que reclamam e nada fazem. Minúsculos grãos desse celeiro imenso das multidões, levas e levas arrenegam os sóis e adormecem aos braços da ilusão enfurecida. Se há que pedir perdão é a si próprio, autor inextinguível da humana criação pessoal. Início e fim da consciência, contudo esbarra no pavilhão dos deserdados, isto por conta do quanto deixou de lado no fazer dos sentimentos.

Ao sabor das palavras, frases ganham espaço no ritmo desse afã de transcorrer dos vários tempos que se desmancham aos nossos olhos feitos algo jamais acontecido. Daí a importância dos aspectos que fogem apressados pelos instantes e contêm os indícios claros dalguma realidade além do quanto ficou de antes e agora e restou de esperanças em vias da real felicidade.

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