sábado, 26 de outubro de 2024

As cigarras de outubro


São vozes que falam ao coração da gente. Qual silêncio em uma cadência que circula pelos ares, a doce melodia das horas indica, logo depois, os finais de tarde. Numa serra qual quem adormeceu na saudade, reboam pelos céus sentimentos em forma de longos estribilhos, a percorrer as árvores e os animais. Disso, nascem intermitentes as histórias que contam as vidas em movimento. De tudo um pouco, desde longas histórias guardadas a sete capas até as lonjuras da imortalidade que observa os incautos a lhes prometer salvação.

Elas, as virtuoses do destino em perfeitos acordes pelos mares da consciência, suavemente relembram sonhos que revelam a perfeição da religiosidade, arautos da presença eterna de tudo em fragmentos intermináveis de beleza que inscrevem no firmamento os seus derradeiros raios do dia.

Há, no entanto, o senso de permanecer diante das circunstâncias que ainda assim desaparecem pelo horizonte.

...

O desejo alegre de continuar o dia nisto se constrói nas nuvens monumentais lá adiante; outras notas da mesma melodia que se desfazem no tempo. Conquanto todas interrogações de momentos fugazes, as cores desfazem a tela do Infinito e abrem-se à escuridão da noite, que, sorrateira, aproxima seus longos braços tangidos pela brisa daqueles instantes derradeiros. Ali, escondidos sob as sombras, há esparsos amores nas notas da Ave Maria que preenchem de felicidade o âmago das criaturas.  

Quanta lindeza aos olhos e ouvidos das luzes que viajam pelo distante abalo dos mistérios. Resta definitivo o penhor de solidão que nos envolve e avisa das novas existências que já vicejam nas asas do vento.

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