Quanta distância entre o visível e o inalcançável pelos sentidos da matéria. Nesse espaço imenso ali acontece a evolução do espírito humano. Dali nascem as buscas, filosofias, religiões. O que um de nós percebe torna-se exclusividade individual, porquanto por mais que digamos, descrevamos, resta uma própria presença de quem ouve dentro da vivência pessoal. Nisso o direito inevitável do respeito a ambos, vez ser impossível só duvidar, vez que ninguém é proprietário do outro na sua essência. São muitas as narrativas das descobertas através dos tempos. O materialismo, a seu modo, impõe limite particular a dizer que existe o que possa cruzar a experiência sensória, o que é pouco face ao aspecto abstrato da existência, a subjetividade da experiência humana.
Ainda assim, persiste a necessidade premente do método, larga
conquista da Ciência, a impor a demonstração do fenômeno antes de aceitá-lo
qual definição de uma verdade conclusiva.
Porém negar, por si só, é insuficiente a provar a
impossibilidade, conquanto conhecesse unicamente uma face do poliedro infinito nas
normas do Universo. E negar, apenas negar, em minuto algum oferece
inviolabilidade aos conhecimentos científicos, também humanos, aferidos através
dos mesmos elementos que pretendem contradizer a imponderabilidade.
Ao afirmar seu absoluto desconhecimento (Sei que nada sei), o filósofo Sócrates
testemunha a insuficiência da
percepção diante do Tudo magnânimo da Natureza. O puro raciocínio, raiz do
pensamento, estabelece bases relativas ao que o ser humano sustenta de certeza
perante o Cosmos. Enquanto isto, outros fatores de compreensão existem que
propiciam navegação noutras dimensões, às quais se nega foro absoluto face à
subjetividade, a percepção através dos sentimentos, das emoções, dos sonhos,
visões que pouco requer da participação dos sentidos materiais.
Todavia há quem afirme que se diz o que pensa que está
dizendo, e que o outro ouve o que pensa que está ouvindo, deixando, destarte, a
percepção definitiva de tudo quanto há, numa margem de profundidade que afirma
a clareza das palavras do filósofo grego que citamos, no mundo particular de
cada um.
(Ilustração: Mussorsky - Uma noite no Monte Calvo, de Hieronymus Bosch).
"Nisso o direito inevitável do respeito a ambos, vez ser impossível só duvidar, vez que ninguém é proprietário do outro na sua essência. São muitas as narrativas das descobertas através dos tempos."(Sei que nada sei).
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