Diante dos sucessivos destemperos dessa época de humanidade contrafeita, onde quando menos termina uma guerra já estão usinando ferro a fim de produzir as armas do próximo conflito, necessidade que parece constante nos animais que ainda somos, hoje achei de lembrar uma historizinha zen, bem aos moldes da sabedoria do Oriente.
Um domador tinha sete macacos presos numa jaula, com os
quais oferecia quadros no circo da região. Todo dia, chovesse ou fizesse sol, preparava
e oferecia de alimento três doses de castanhas a cada um deles. Duas castanhas
pela manhã. Uma no meio do dia. E três ao final da tarde. E desse modo
transcorreram dias e dias, com os bichos conformados naquela ração diária,
acrescida de mais alguns agrados. Lá certa feita, um deles acho de reclamar que
daquele jeito faltasse algum detalhe, que precisava mudar o quanto antes o
regime dos fornecimentos, que via naquilo algo a ser cuidado doutro modo, etc.,
etc. Os demais habitantes da gaiola não perderam tempo e seguiram o protesto dos
selvagens da prisão.
Foi um movimento feroz naquela jaula de micos. Uma zoeira.
Ninguém mais teria paz na casa do proprietário dos antes passivos e conformados
símios. Só faltava quebrarem tudo, sem oferecer qualquer alternativa de acordo
que fosse.
Pensa que pensa, e o domador resolveu fazer uma pequena alteração
no fornecimento das rações diárias dos prisioneiros.
Daí passou a oferecer, invés de duas castanhas pela manhã, três.
Não mexeu na refeição do meio-dia, que seguiu de apenas uma. E ao final da
tarde, invés de três, ofereceu duas castanhas.
Com aquilo, os macacos, desconfiados, olharam uns pros
outros, sorriram satisfeitos, e a paz voltou a reinar no recinto, todos eles
entregues aos seus nenhum afazeres, se coçando e dormindo contentes os dias
todos.
Resta imaginar aonde se parece essa história nos acordos coletivos
dessa hora pelo mundo inteiro.
Valeu, amigo...sempre aprendendo com seus escritos!
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