terça-feira, 26 de abril de 2022

A força dos acontecimentos

 


Incrível a força que as coisas parecem ter quando têm que acontecer.
Nietszche

 Até parece ser fatalismo, no entanto. Quais raízes de um vegetal, os acontecimentos formam o corpo na sequência deles mesmos. Chegam variáveis de tudo quanto é canto, e criam os resultados. Porquanto, depois de acontecer nem de longe há meios de rever. Instrumentos dos destinos, as normas produzem seus frutos.

Isso de olhar de frente a realidade necessita de um conteúdo interno nas pessoas. Apenas tocar adiante de olhos vendados significa ausência de domínio. Essa fase da nossa humanidade representa pois um tanto de confronto face aos acontecimentos, quem, logo ali, viram pedras. Daí os bloqueios de aceitar o jeito dos resultados. Quantas vezes surgem dores que o tempo impõe a que aproveitemos suas lições. Enquanto isto, a Natureza segue o compasso, livre da participação de outros fatores a não ser o próprio movimento de tudo quanto há. Livre dos insistentes anseios dos humanos, nada deixa de acontecer em tudo quanto é lugar deste Universo.

O modo de aceitar este movimento do tempo implica numa evolução do ser que somos. São as teses de muitos a imperar no meio dos pensamentos nem sempre dóceis. Assim, os indivíduos vagam soltos no meio dos tantos objetos e ideias, e se largam pelo ritmo deste mundo. Alternativa não existe. Viver, portanto, eis o único instrumento de interpretar o que acontece. Aceitar o andar dos momentos, às vistas com o futuro, que passa numa velocidade estonteante, longe do que possamos recolher.

As religiões ensinam a lógica dessas ocorrências, que gravamos na memória e pouco exercemos de verdadeiro. Bem isto, de responder aos desafios numa coerência que prevaleça às ruínas que restam depois do quanto vivemos. Gestos de nossos passos no Infinito desaparecem. A força indomável dos atos da existência fica aqui aos nossos pés, do que fomos, do que somos, nós, autores do depois que não cessa de acontecer.

(Ilustração: Hórus, arte egípcia).

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