Viajar dentro da gente a cada instante permite isso de avaliar o fluir dos pensamentos. No tanger das horas, aonde formos iremos junto do que fomos e somos agora. Instáveis no quanto de continuar pelos momentos, tornamo-nos meras peças do deslocamento no tempo, só que através da tela mental da nossa própria consciência. Daí essa necessidade constante de querer preservar a continuidade que se desfaz, e vem na escrita essa vontade do dizer nas páginas que se sucedem o que existe de sentimentos e ausências, saudades, ideias e dúvidas. Uma sede imensa de juntar num bloco único a visão da realidade que vivemos, que domina os céus da presença nas palavras que formam as frases e os textos.
Nisso a urgência de desvendar o segredo da Arte que segue as
pessoas no decorrer das tradições. Um instinto poderoso de somar ao mundo o que
dentro de nós acontece e impõe essa condição de quem quer trazer adiante a
vontade extrema de vencer a solidão de si mesmo sem perder o fio que a tudo
transcende. Partilhar as emoções a outras pessoas, falar do universo que
transportamos e buscar preencher o vazio das histórias naqueles que escutem e
leiam. Falar noutra linguagem de quem vive, sofre, testemunha, ganha margem de
avançar no silêncio e clamar parceria nas dores alheias doutras existências.
Perpetuar o fervor de viver entre os demais; querer encontrar o sonho diante
das realidades que dissolvem.
Longos dias, assim, desmancham a beleza de tudo em que persistimos
na busca desse lugar eterno que já o somos sem disso ter a certeza plena.
Querer ser parte da luminosidade que nos clareia os passos, eis a razão
inigualável de, lá certa vez, desvendar o texto definitivo que persistará para
sempre na felicidade que ora mourejamos de chegar, no trilho das palavras e na
esperança das páginas em branco.
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