quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Ego, o deus das ilusões


Quando o Jiva (ego) entra no Espírito e faz-se um com ele, não há mais dor nem sofrimento.
Râmakrishna

O outro lado de si mesmo, uma região da pessoa voltada sobretudo para os motivos da matéria, como se os achasse início e fim das existências. De que modo trabalhar esse conceito sem correr o risco de falar de tudo quanto já conhecemos dos percalços deste chão alucinante? Porém a ele compete isso, testar o avanço das criaturas rumo da perfeição que tanto buscam. Sustentar os Espíritos vivendo aqui neste mundo enquanto durar o fascínio dessa ilusão que sustem os sobrevoos aos páramos da Luz maior.

Bem essa a função do lado sombrio das criaturas humanas, o território intermediário entre o princípio e a completude da consciência individual. Sempre observo isto de que o Ego tem sua destinação matemática nas funções da natureza individual.

Uns execram esse agente de transformação à base do desencanto das estações da vida, até quando, lá um dia, revelará por destinação quanto de riquezas dispomos nos nossos seres em formação, passados depois os transtornos daquilo que antes houve por conta das ações e dos sabores físicos, materiais prazerosos, desfaçatez das visões estreitas do deus vilão das madrugadas impuras.

...

Há em nós, por isso, a fase primária da experiência humana, território desse domínio precário do senhor da matéria, no encalço da parte essencial do grande Todo. Neste universo, tudo tem sua razão de ser. Nada passa ao largo da evolução. Somatório dos esforços, desde sempre reunimos na Unidade primordial dos dois lados os valores em movimento. Jamais desfazer do inimigo (Amai os vossos inimigos, disse Jesus-Cristo), pois um dia ele saberá o que faz, e também chegará à Luz.

Jeito bom de administrar essas parciais adversidades significa a compreensão de verdades antes relativas, até quando chegue à Verdade absoluta. E somos nós esses protagonistas da compreensão do que existe no espaço entre ideias e sentimentos, autores da plena virtude na presença de Deus.

(Ilustração: A visão de Tondal, de Hieronymus Bosch).

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