Nada mais que esse mundo daqui do Chão, um lugar de conchavos e desencontros, artimanhas e vaidades. Ninguém que se preze deixaria de lado o sonho de vencer alguma dessas batalhas travadas nos coliseus da ilusão. Todos, armados até os dentes, logo invadem o circo e sacodem suas lanças rumo ao desespero de si. Horas e dias, o mesmo travo amargo de ansiedades e desesperos, olhos ardendo nas filas que não acabam nunca. Roupas gastas nesse afã de vencer o inexistente, quais estranhos autores das epopeias colossais, são os nomes que sacodem nos lençóis do impossível e piões que giram sem cessar; eles, fieis servidores das nuvens que passam e desmancham cores avermelhadas no final das séries intermináveis e dos destinos inacabados.
Quiséssemos desvendar, pois, o mistério das jornadas, e nos depararíamos com o cemitério dos dinossauros lá no íntimo das matemáticas humanas. Dores, cores e gestos; versos, rimas e fados, que não acabam jamais. Tudo isso fruto da vontade imensa dessas alimárias vestidas às pressas na entrada das cenas que nunca irão terminar. Homens e máquinas, num furor sem limites, células mórbidas do mesmo corpo que escorre pelas trilhas do firmamento. Exóticos, beijam e abraçam os próprios feitos, retalhos de armaduras jogadas ao lixo da História.
Existências, pois, trazidas ao baile só a fim de interpretar que vieram de longe. Circuitos de engrenagens fantásticas, sabem e desconhecem a um só tempo o ritmo das melodias que lhes contavam as lendas, enquanto retinem espadas e moedas atiradas ao vento. Quais monarcas de tronos imaginários, ecoam seus gestos na alma das outras criaturas, no desejo frio de marcar um solo eterno de galáxias que avançam rumo ao sagrado espanto. Eles, que ignoram a que existem e, ainda assim, contêm os passos no coração do Infinito. Pisam o solo da ausência e abandonam as vestes logo que chegam aos Céus que lhes espera.
(Ilustração: Liga da Justiça, heróis da DC).
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