A velocidade com que a vida disfarça o tempo em movimento,
tal vela acesa que alumia e nunca retornará, marcam as criaturas a angústia do inevitável
das abstrações que o vento arrasta pelos céus. A isto negam razão de ser e
mergulham nas trevas do que teria sido. Fogem de si quais vítimas da própria
incoerência. E resistem ao desespero formando trincheiras imaginárias,
desenhando visões do paraíso nos prazeres e objetos, escondendo da alma um
desejo constante de humana salvação.
...
Durante o itinerário dessa busca, estabelecem os padrões, as
religiões, as ciências. Criam códigos distribuídos pelos grupos. Nisso, perscrutam
as dúvidas que a razão cria, na velocidade das horas. Sustentam os haveres das
alucinações. Sabem que seriam eles os autores das revelações, todavia. Cavam o
solo da solidão onde imperam. Estabelecem as lutas da sobrevivência até sem
nelas acreditar, bandos alucinados de zumbis nas noites escuras.
...
Lá um dia, então, deparam com o princípio da Consciência maior
e refazem o percurso donde vieram. Abrem os braços aos segredos da promissão
que carregaram consigo durante infinitos, e adormecem no alvorecer da
iluminação de Si mesmos. Bem isto o repicar da História mãe, nos carinhos das
maravilhas em que vivemos o despertar da Eternidade.
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