Desconheço o porquê de, há pouco, relembrar esse filme de François Truffaut, um clássico da década de 70, que trouxe às telas o livro homônimo de Ray Bradbury. O romance apresenta um futuro onde todos os livros são proibidos, opiniões próprias são consideradas antissociais e hedonistas, e o pensamento crítico é suprimido. O personagem central, Guy Montag, trabalha como "bombeiro" (o que na história significa "queimador de livro"). O número 451 é a temperatura (em graus Fahrenheit) da queima do papel, equivalente a 233 graus Celsius. Wikipédia
Motivo por demais pertinente na época de agora,
quando praticamente os meios eletrônicos dominam o território das letras e
imagens, e os jornais, antes detentores das mentes com suas edições impressas,
veem-se na condição inesperada de circular pela rede internacional de
computadores, e o livro também padece da febre fantasmagórica do anonimato dos
números elétricos, dos celulares e computadores.
A que temperatura isso vem de queimar nos
circuitos mentais desses aparelhinhos exóticos ninguém, por cento, possui instrumento
de avaliar, nem mesmo nas urnas contemporâneas de tantas inovações. O que
saber, no entanto, resta circulando pela galáxia dos lixos plásticos dessa
nossa civilização de bombeiros a queimar certezas que somem no vasto universo
das interrogações. Mesmo assim as editoras persistem no afã de lançar aos
mercados seus lançamentos em refinadas produções gráficas.
O fetichismo do livro impresso ganhou,
assim, dimensão jamais imaginada de entes exóticos e seus leitores, num tempo
em que tudo permite vascular os gênios do passado em velocidade estúpida,
porquanto nunca foi tão fácil usufruir das obras de todas as gerações, em
questão de minutos, sejam livros, filmes, composições musicais, telas,
fotografias, quais herança comum aos aficionados das artes e dos séculos a um
só instante.
Ao que nos consta, porém, vivemos o frenesi
dos objetos diante da carência de senso crítico, fruto de acomodação e excesso,
a determinar carência do que sejam valores e atitudes. Entretanto só o
desenrolar dos acontecimentos provará do avanço da ciência na alma humana.
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