Os poemas de Castro Alves por vezes regressam ao gosto do sentimento e marcam presença de um passado bem de hoje junto de nós. São falas do doce coração a reviver sonhos de antigamente nos olhos da imortalidade. Um querer de sempre, alimento das vivas impressões de horas eternas grudadas intensas na memória da gente, que se sobrepõem à vontade de permanecer nos momentos de felicidade. Unidas, ah quem pudera, numa eterna primavera...
Quantos lugares na alma insistem permanecer assim perenes no
campo da continuidade. As existências inesgotáveis na música do instante,
pedaços de emoções que sustentam os céus das substâncias de quando tudo houver depois,
no sumiço das cores e dos movimentos. Nem sei o tanto de lembranças que
flutua no decorrer desse mistério de estar e aqui permanecer para sempre.
As palavras têm disso, retalhos das paisagens de rastros inolvidáveis,
sobrevivência dos haustos da alma em forma de colchas que o tempo sacode nas
fímbrias do horizonte sem fim. Luzes. Imagens. Sentimentos acesos nas tardes
intensas do universo das vidas. Amor, afinal. Força de um poder descomunal que
rege fenômenos e sóis nos céus. Sacode as circunstâncias e alimenta o gosto de
sustentar as barras dos dias nas hostes dos corações. Suavidade intensa, música
terna e doces harmonias. De tudo, a luz definitiva de uma calma interior.
Fermento dos deuses, o Amor cobre de sonhos a inexorabilidade das dez mil coisas que compõem os acontecimentos. Sustenta a condição dos seres que sentem seus segredos guardados no tesouro da existência. Resiste a tudo quanto há, no fio condutor da essência que rege o Mistério. Amor, fonte suprema das histórias e dos personagens que nele movimentam o oceano das certezas. Amor, o limite das existências no sacrário de dores e virtudes, esperanças e realizações. Amor, o autor do quanto alguém imaginou e fez disso o eterno motivo de todas as aspirações de perfeição.
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