sexta-feira, 11 de maio de 2018

Corações de lata

Eles, os humanos, possuem essa dupla função, raciocinam e podem também sentir. São dois efeitos de uma só reação que chamam vida. Ocupam um lugar no espaço e no tempo dentro disso que se move ao sabor das atitudes de quem preenche o corpo, o que raia a perfeição. Soubessem usar convenientemente, e, por certo, descobririam modos adequados da cabine de comando onde sobrevivem, logo identificando a que vieram no Planeta. Todavia, quase de costume, quebram a cara nessa utilização defeituosa do equipamento de possibilidades infinitas. 

Eles agem como que sabem utilizar todas as funções do tal escafandro onde vieram embutidos. Mas abusam ao vão da sorte. Mais parecidos com pilotos sem brevê, que jogam os diferentes deles nos precipícios de lama, presos aos caramujos do destino. Machucam uns aos outros, machucam a si mesmos, aos valores da Natureza, e ameaçam até a sobrevivência das demais espécies.

O lado racional, que significa tão apenas uma das bandas do veículo de carne, ossos e sangue, este segue subutilizado a mil borboletas. Abusam do pouco treinamento e geram o que chamam riqueza, ou acumulação de quinquilharias depositadas no fundo das casas, quais formigas recolhendo mantimentos para os invernos rigorosos. Contudo machucam nisso outros, lutando nessa intenção cumulativa feito feras. Arredondam números de guerras, fabricam armas super eficientes no afã de tomar e escriturar coisas, chãos, bichos sagazes e gananciosos. 

Poucos, raros, outrossim, descobrem que ali de banda existe o campo livre do coração, casa dos sentimentos e das emoções, donde virá a sonhada libertação. Escondem da grande maioria essa chance de reverter o quadro de apreensões e equívocos, houverem praticado o que manda o coração. Disfarçam da própria compreensão esta força viva que neles impera. Diminuem quase ao máximo imaginar que sentem, que têm emoção e que podem ser irmãos, e viver em paz, amar, construir, ampliar os motivos da real felicidade no grupo, razão exclusiva que os trouxeram consigo. Porém, se sabem, fazem de conta que ignoram. E esquecem nisso a causa primeira de tudo quanto existe e existirá no projeto sofisticado a que vieram cumprir.

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