- Calma, filhinho, que seu Zumba vai acabar logo, - repetia, querendo mais, (quem sabe?) acelerar a função do que mesmo conformar o pequeno.
Nisso, o barbeiro, calejado nessas situações, na hora certa, recorreu ao expediente infalível:
- O menininho quer um bombom? - e falando, sem esperar resposta, foi abrindo a gaveta do velho móvel de guerra, caturando de entre tesouras, pentes e navalhas confeito reservado para a ocasião, de pronto transferido à mãozinha aflita.
Daí ficou menos drástico o período que faltava para o término do trabalho de contorno da cabeça, corte a zero, como se chamava naquela época, deixando no cocuruto apenas trunfa estreita e saliente, aumentando mais um tanto a feiura do pirralho, de fisionomia abusada que nem seu pranto.
De cara e braços salpicados de talco, livravam-se mãe e filho, cedendo lugar ao freguês da fila, o sacerdote alemão de sotaque inconfundível e corpo avantajado, que ocupou assento junto às garras do fígaro.
O novo paciente, logo recebeu as primeiras mastigadas do instrumento, pouco demorou a compreender as razões de o menino barrar daquele jeito. A máquina, cega, há muito carecia de manutenção. Dói daqui, dói dali; o instinto de conservação pesou mais, e o levita espirituoso, externando sofrimento, reagiu em tom de quem choraminga:
- Ô, Zumba, será que nessa gaveta ainda sobrou algum bombonzinho? Pois não é que eu também estou precisando?!
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