Esse preço elevado que houve de pagar veio-lhe determinado através de uma voz que ouvi onde morava, segundo narra o livro bíblico de Gênesis, a saber:
- Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar.
Pegar o filho, imolando-o no altar de propiciação, demonstrando desse modo toda a vocação às coisas eternas - consigo imaginava, em face dos tormentos daquele holocausto. Embalado na fé, após o aviso muniu-se de lenha, com ela carregou um animal e subiu aos montes distantes, acompanhado de Isaque, o filho a ser sacrificado, no intuito de cumprir o compromisso.
Três dias de caminhada e Abraão avistou de longe o ponto indicado.
Pediu aos dois serviçais que lhes acompanhavam que esperassem. Subiriam ele e o filho ao pouso da adoração ao Senhor, e em breve retornariam.
Acercou-se da lenha, do fogo, do instrumento de corte que levavam, e avançaram. Só adiante, Isaque percebeu que não levavam o cordeiro do sacrifício, indagando do pai onde o achariam. Deus proverá, de peito compungido, respondeu o pai, nos limites das forças, no gesto extremo de respeito a Deus; eliminar o próprio e amado filho. Lado a lado, caminharam silenciosos. Apenas os dois olhos aflitos se recusavam contemplar o horizonte de beleza, lá embaixo, espraiando na distância.
No sítio previsto, Abraão cuidou de fazer o altar. Arrumou a lenha. Amarrou o filho no posto sobre a lenha, enquanto pegava do cutelo afiado. Nessa hora, ouviu as palavras de um anjo dizendo:
- Abraão, chega, pois já demonstrou coragem suficiente a merecer o crédito divino - aturdido pelas emoções do momento, o homem levantou a cabeça, no meio dos sentimentos dolorosos que vivenciava, observando um carneiro que o anjo lhe trouxera deixado nas proximidades.
- Utiliza-o no sacrifício e cumpre o rito de consolidar a aliança de Deus e seu povo.
Promoveu, então, os atos do oferecimento, naquele lugar que ficaria conhecido onde Deus se deu por satisfeito com a oferta de Abraão ao obedecer à Sua voz.
Por conta disso, ao aceitar abrir mão do filho único em nome dos Céus, firmava Abraão o pacto da bênção de Deus, indo multiplicar a sua descendência e receber os filhos tantos quanto estrelas do céu e as areias das praias, válidos perante as outras nações da Terra.
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