domingo, 13 de janeiro de 2013

Um eu eletrônico


Esse o eu da atualidade, aonde é vira a página e ver o quanto os displays passam a dominar olhos e cabeças numa velocidade estonteante; ameninada que o diga. Isso em tempo real quando ruas se enchem de automóveis largos, reluzentes, espaçosos, apertando pessoas de encontro aos muros, farra descomunal de tecnologia vendida a preços de liquidação em massa. Quisera, por isso, conversar pouco, falar às populações urbanas dos enganos em que tornaram  promessas da luz do fim dos túneis, agora revertida na sede insaciável dos jogos de reflexo, bocas adoçadas nos pastos obstinados de fastfoods.

A solidão prisional dos apartamentos pede, pois, telas de led a fim de suprir necessidade urgente do conforto afetivo das metrópoles cinzentas. Qualquer instrumento serviria, computador, vídeo game, ou televisão; celulares, ipads, iphones, tablets; contanto que acalmasse a ânsia dos corações extasiados de saudade naquilo que desconhecem e procuram famintos, nas estações oferecidas a cartões, via online, ou boletos bancários.

Perdições de gabinetes estranhos, moradas de pressentimentos vagos, flores molhadas nas lágrimas sonorizadas a soluços. Naves intergaláticas cruzam os céus por meio dos paredões de som que avançam mecânicas madrugadas regadas a álcool, presas nas artérias fisiológicas dos fones de ouvido em alfabetos ligados em antenas distantes de outros cérebros dependentes. Contatos matemáticos das ondas em curvas no espaço sideral das consciências atormentam esse mundo global silenciado pela aceleração das indústrias da consciência.

Deixaram, assim, de observar nuvens no nascente e voltam baterias de esperança aos oráculos das máquinas, busca de arautos na direção dos foguetes ancorados nos mercados estrangeiros. De hora a outra, o que era possibilidade resultou na febre dos equipamentos de raios. Profecias falaram do avassalamento dos tais chips de dominação e as mentes já admitem fossem meros temores noturnos...

Mergulhados em si, os cavaleiros andantes da reconstrução nacional dessa humanidade dividem o âmago do cérebro aos circuitos das novas comunicações, certos de que ninguém responderá os questionários da fuga em série do Planeta azul.       

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