Este turno da história humana permite algumas avaliações
diante do jeito das pessoas se relacionarem umas com as outras. Se não, vejamos.
Primeiro, na parte interna, psicológica, região aonde, muitas vezes, nem mesmo
o dono sabe direito como andam as coisas. Território de alta velocidade das
informações, entrechoque de pensamentos e sentimentos, torna-se difícil
elaborar conclusões seguras quanto à identificação dos conflitos envolvidos.
Assim, no império da dúvida, o sujeito escuta vozes discordantes e tiroteio
cerrado de seus interesses e o dos interesses da grande multidão lá de fora.
Segundo, é que ninguém ver, de
todo, limpas as estruturas em volta, formadas pela cultura e pelos costumes do
povo. Só em raras ocasiões o contexto apresenta clareza meridiana, quando se
quer alimentar sentimentos puros em relação aos outros, na jornada desta vida.
Talvez por isso aflorem tantas
dificuldades afetivas, constantes aborrecidas na existência dos casais. Quer-se
amar e pesos e cacarecos atrapalham o meio de campo, em forma de caprichos,
vaidade, ciúme, mágoas, vinganças, raivas e rancores, fatores de desestímulo do
amor a dois. Os passos andaram firmes até chegar na próxima parada, coisa comum
pelos corredores da solidão, imortalizados no cancioneiro popular. Noutras
palavras, quase inexiste a perfeita harmonia, quando considerados os índices
estatísticos dos choques no roçado conjugal, por exemplo.
Uma história conhecida bem pode
ilustrar esse velho sonho do parceiro ideal na busca da realização plena do
jogo amoroso. Nela, um amigo encontra outro e pergunta se este achara a mulher
ideal que tanto queira no passado, após décadas de longas aventuras
sentimentais. E a resposta saiu de um modo o mais desencantado: Ah, sim, certa
vez achei em lugar distante daqui. Houve, no entanto, detalhe essencial com o
qual jamais contaria. Ela também vivia à procura do homem ideal, o qual, no
caso, não coincidiu que fosse eu a quem procurava. Uma pena, e largo tempo
jogado na lata do lixo.
Repetidas situações mostram
pessoas caçando a miúdo alguém que pretende para doar o coração. Enquanto, em
práticas idênticas, existem pessoas que trabalham no intuito de antes resolver
a equação existencial, porém também caçando aqueles que venham prontos a lhes
receber os corações.
Produto disso, na base da maioria
das ocorrências, indica cego puxando aleijado, na jornada rotineira dos dramas
particulares, tão decantados em prosa e verso, matéria prima das angústias e
lágrimas dolorosas de notícias tristes.
Em resumo, a disposição de lutar
pelo parceiro correto representa o sonho dos seres humanos, de nos tornarmos a
reforma que a gente quer para o mundo. A felicidade virá, com certeza, do
íntimo, invés de transportada às costas alheias por nossa acomodação e ausência
de cuidados, ou irresponsabilidade. E que contribuamos por meio de ações úteis
junto às leis inevitáveis da Natureza fraterna.
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