quinta-feira, 6 de maio de 2021

O caminho dos livros


Adolescente ainda e presenciara a inauguração de uma boa livraria em Crato, à Rua Miguel Limaverde, próximo à esquina da Praça Siqueira Campos, a Feira do Livro, cuja matriz existia em Fortaleza. Numa noite festiva, o salão se encheu de pessoas interessadas em leitura, a conhecer loja que propiciava alternativas aos aficionados, tempo aquele de cultura e quase só esse meio de entretenimento, fora cinema, bares e clubes. Lembro que comprei, na ocasião, o livro O velho e o mar, de Ernest Hemingway, autor americano de sucesso e prêmio Nobel da literatura.

Ai de mim se não existissem os livros. Sempre frequento livrarias, nos lugares aonde vou. Espécie de mania, costumo observar as prateleiras de livros qual quem procura janelas para olhar o nascer do Sol. Quando revivo outros cantos em que pisei, retornam à memória mais os títulos que manuseio do que mesmo os célebres pontos turísticos preferenciais dos roteiros. Aprecio ver livros e também fotografar paisagens, interesses inevitáveis. Talvez, quero crer, não despertei até hoje para as viagens distantes porquanto na maioria dos países livros são noutras línguas, e conheço pouco, ou nada, dos idiomas, exceto o raro português de onde nasci.

Em Crato, noutros momentos, havia boas casas de livros, suficientes aos apreciadores das letras neste interior. Livraria Católica, de Vieirinha; Livraria Ramiro, cinquentenária empresa de Ramiro Maia, meu amigo de saudosa memória; SMB, de D. Auri, que sustentou a oferta de livros por longa data; Distribuidora Zé Osmar, responsável por lançamentos raros e que vendia jornais do Sul, inclusive O pasquim dos anos 60; e, já mais recente, Livraria Apoio, para falar nas principais que existiram no centro da cidade.

A fama cultural de Crato procede das suas escolas tradicionais, a começar pelo vetusto Seminário São José, passando por Colégio Diocesano, Colégio Santa Teresa, Colégio Estadual Wilson Gonçalves e Faculdade de Filosofia. Isto sem deixar de citar o Instituto Cultural do Cariri, detentor da publicação da respeitada revista Itaytera, com a marca de 45 edições anuais no decorrer de uma história iniciada em 1954. A história cratense e os livros se integram toda vida.

Um comentário:

  1. Lembrar mais dos títulos dos livros do que de pontos turísticos foi ótimo! 👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿✨

    Em reuniões de família, gosto de levar um livro comigo, temos diálogos mais interessantes do que a velha política, questões culturais e rápidas mudanças de costumes ou ainda besteiróis midiáticos de vidas alheias.

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