terça-feira, 16 de outubro de 2018

Vidas sucessivas

A razão externa do homem pensa que só esse olho externo existe e agarra-se a ele, pois diz que não existe outra visão.                                                                                                             Jacob Boehme

Sob a ótica do Budismo, o que reencarna é o que o homem fez do seu passado, e disso carece de libertação no intuito de obter a Salvação, desde quando, então, se tornará coautor das obras divinas ao chegar ao grau absoluto da Pureza espiritual. És, portanto, aquilo que de ti fizeste no passado, ou seja, o carma, na denominação budista. Conquanto o que regressa ao mundo físico será esse carma, ou dependência, ou apego à paixão dos sentidos, os vínculos carnais de antes.

Face aos mecanismos da Evolução, desde que desvendes o caminho direto à Purificação, destarte evitarás ter de retornar ao Chão e aqui permanecer durante quantas vezes necessárias sejam no objetivo de revelar em Si a verdadeira e eterna natureza de que vem dotado. Nisto o conceito de Jesus de sermos Deuses e ainda não o sabermos. 

Apenas que, no decorrer da história terrena, o indivíduo obterá a consciência e a consequente Libertação. A matéria significará, tão só, instrumento de aperfeiçoar a essência do que já somos ora dotados. Há, com isso, que vencer o espelho externo e mergulhar no universo interno, a matriz e transcendência do Ser. Perante esse laboratório real que exercitamos, de transformar chumbo em ouro espiritual, resta aos humanos o princípio da auto revelação a que viemos, e vencer, percurso natural das existências enquanto presas na matéria.

A luta, no processo de admitir tais considerações, varia de pessoa a pessoa, vez os diferentes níveis de aprimoramento onde estivermos, ao que Jacob Boehme também observa: O homem sente o desejo de Deus (de outra visão) mas o demônio para onde o homem se virou, coloca um véu e encobre essa outra visão desviando sua atenção para a pompa do mundo (e o homem morde a isca e deleita sua má imaginação nisso), para o homem não a ver e não ser despertado para ela. 

No transcorrer das reencarnações, novas chances de conhecer e agir sob tais valores oferecem meios e vontade latente aos seres, neste processo de permanente conhecimento intuitivo. 

(Ilustração: Arte vedanta).

Um comentário:

  1. Acho que já passei por muitas reencarnações e agora estou numa daquelas em que o carma se fez presente. Mas a bem daverdade, sou católica e não consegui ainda aceita o data da reencarnação, apesar de muitas provas e fatos que me levam a rever meus questionamentos. Por quê é por quê é para quê, mas aceito a minha missão e sigo em frente sem me recriminar. Aquilo que posso superar faço isso, o que não está no meu domínio, sofro, mas aceito também. Escavava escrito no destino, não se pode ter tudo. Então procurar aceitar o que não depende de nós, talvez a melhor forma de superar e aceitar o impossível. Seu texto está rico, como sempre, e lindo. Parabéns e um grande abraço meu amigo querido Emerson Monteiro.

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