quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Limites imaginários

Três conceitos principais indicam limites à Consciência, quais sejam: passado, presente e futuro. Passado não mais existe, porém dada a função da memória, esta preserva sua virtual existência a ponto de criar significados, sendo em muitos a razão fundamental da sobrevivência, lá onde ficaram guardadas as fases da vida que se foi, os pretensões lucros do sucesso, amores, vitórias, viagens, festas, etc. Lembranças favoráveis, ou decepções, estas que acarretam os gatilhos que, ao disparar, vez em quando, geram sofrimento, depressões e metabolismos doentios. Bom, ainda que o passado suma na longa estrada dos dias que ficam pra trás, sujeitam dominar o território mental e reverter o quadro atual a mera ausência onde deveria habitar todo tempo o presente definitivo.


Sim, o presente, segundo estágio da Consciência, que deve entregar ao fluir da Eternidade corpo, mente, pensamentos e sentimentos. No entanto ocorrer tantas vezes que o foco da existência, o eu, esquece ou não prevalece na sua vontade, e larga de lado o condão inestimável do presente às malhas do passado lá atrás enganchado na crosta da memória. De comum, dados os impasses desse autocontrole, deficiência em que a grande maioria incorre, o presente foge pelas veias do destino, e outros vivem a vida de quem deveria viver e andar no comando.

Perdidos, pois, do presente, fogem ao passado, ou avançam destrambelhados ao futuro, que ainda nem existe e quando existir será só presente. 

Eis o terceiro limite criado pela mente na ânsia de responder ao questionamento de existir. O futuro, que também inexiste. Criado mentalmente pelo esforço de antecipação, criaturas prendem os dentes no que viria, alucinações constantes de querer criar nas luas da inexistência, porquanto nada assegura, diante da imprevisibilidade e do mistério, que viveremos e viremos presenciar os depois de hoje. Futuro, quimera dos sonhos e país fruto da mais pura das imaginações...

Conquanto responsável pelo presente que a tudo resume, os humanos vadiam soltos entre duas abstrações e desejam ardentemente conhecer a Si longe do reino insubstituível do Presente. 

(Ilustração: Guy-Olivier Deveau).

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