segunda-feira, 7 de março de 2016

Cavernas do sentimento

Tais trilhas que uma vez indicaram o Sol no coração, partículas vivas da emoção que navegam soltas dentro de vasos, veias e artérias, viajam vermelhas de vergonha de ser sinceras na presença íntima do Ser de cada um de nós. Prudentes ou desarvoradas, marinheiros desse movimento, as máquinas do organismo fumegam horas de minutos e tangem o desejo das paixões feito animais soltos no deserto das pessoas humanas. A gente ama por vezes até o limite do desespero de que os outros nem liguem a isso de que são amados, no entanto satisfeitos, no princípio da vaidade dolorosa do orgulho. Olham nos olhos doces da beleza e sonham noutros leitos, outras dimensões longe da realidade atual daquela criatura dispensada. Jogam no firmamento o ânimo das saudades abandonadas ali bem no lixo do passado e veem o tanto de amor que fervia no universo das pessoas que alimentam mesmo as impossibilidades. São contas correntes da virtude da esperança nos discos das novas contradições. Farejam a fome do carinho e neutralizam a força da animalidade pura e simples. E nesse passo seguem os barcos. Praias desertas e sóis dos mais intensos ritmam as pulsações crepusculares. Sombras voam assim no verão dessas almas atormentadas, poetas e filósofos pelo furor da vontade contrariada, e acalmam por si a presença do pecado nas matas escuras do Paraíso abandonado. Ordenam o futuro em toda tempestade. Evitam que a fome das letras macias da Verdade corte o leite da felicidade, ainda que seja doutros modos o controle absoluto da fertilidade. Imperatrizes das escolhas, desenvolvem o domínio da oração noturna diante da construção das gerações que se sucedem. Quem quisesse, pois, desenvolver a ansiedade e soltar as feras na procura da árvore do Mal e do Bem por certo acharia o momento ideal da calma no seio do coração, evitando o desassossego da consciência que arrasta lento o filme da transformação e da imortalidade, e já seria o deus das oportunidades atiradas goela adentro, e fervilhantes habitaria os redutos da Luz que aguarda de braços abertos esses fugitivos da incerteza certa da amabilidade abençoada.

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