segunda-feira, 14 de março de 2016

As fronteiras do querer

Ninguém que se preze larga de lado a força infinita do querer e se entrega de mãos beijadas às hostes dos inimigos, pois aqui, bem aqui, caberão quantas escolhas lhe cabem, famosas escolhas consagradas pelo Existencialismo. Somos aquilo que os outros deixam que sejamos, no limite extremo da liberdade humana, que na verdade permite ser que somos. 

O ser humano nasce livre a fim de concretizar as próprias escolhas a qualquer instante. Objetos e outros animais, estes, sim, ficarão de rabo preso à essência de ser que forem concebidos desde o início. Já nascem assim quais sejam. Preestabelecidamente feitos com dita finalidade, jamais realizarão o poder de outras possibilidades que não a que recebem, de querer ser só o que no princípio vieram destinados.

Ao homem, no entanto, concede o mistério recebe a existência e fazer dela o que vier escolher, restrito apenas ao que os outros humanos permitam. Mas podem, a qualquer tempo, mudar o destino primeiro do ponto de vista moral, intelectual, social, existencial. Ninguém virá única e exclusivamente submetido a um papel exclusivo. Caberá definir a que propõe existir. Com essa particularidade ímpar, detém o dom de querer, dotado de espaço infinito naquilo que dispõe trabalhar em sua essência, do que fará de si no decorrer dos momentos sucessivos das vidas. 

A dignidade, por exemplo, permeia essa tal oportunidade humana de elaborar o que quiser e fazer o que esteja consigo, matéria prima da história das criaturas racionais. Trabalhar e criar o caráter do ente soberano dos seus mesmos atos, eis o modo a que se destina. Ser livre, por isso, acompanhará todos os passos do indivíduo e as formulações do a que buscar. Nunca dizer que inexistiram as chances de descobrir nova essência a cada instante. 

Conquanto haja dificuldades, bloqueios, normas, épocas e cenários, o ente humano, porém, far-se-á senhor da individualidade e estabelecerá meios de criar as condições fundamentais da história, tanto pessoais quanto das coletividades. 

E o querer é este instrumento poderoso, ilimitado, ao nosso dispor, na intenção de fundar as metas dos novos objetivos ao longo da existência, hoje e para sempre. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário