segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Mês dos pais

Conceituam-se as coisas para atender necessidades, sejam de mercado, sejam de conveniência, mas conceituar transforma o simples no complexo e o certo no duvidoso, conquanto sirva de base ao andamento dos barcos, neste mundo de balcões e portos em que a vida se converteu num tempo de muita galinha e pouco ovo.

Maio foi eleito o mês das mães, desde as noivas, futuras mamães, a Maria, mãe de Jesus. Isso enquanto as flores perfumam os jardins e tudo parece corresponder, em termos de felicidade e harmonia.

Já o mês de agosto se tornou o mês dos pais, nos turnos comerciais, tempo de presentes a quem paga os presentes o ano todo.

Fase boa de fazer reflexões do que sejam os pais dessa era de tanta mudança, quando criar filhos virou ginástica de muitas posições, a perguntar quais caminhos trilhar no futuro da família dos maiores desafios morais.

Outros momentos prometiam melhores esperanças do que hoje. Ser pai agora envolve compromisso de mostrar resultados em forma de sucesso profissional e geração de emprego e renda, salvadas aparências e destinos, manterem os filhos longe das drogas, da prostituição, da linha de pobreza.

Nunca tantos moraram na Terra e os valores foram tão mutáveis. E os pais saem em busca do pão de cada dia nos formatos dos tempos comerciais, automáticos, industriais, digitais.

Aos homens, o mérito de cumprir a missão de criar e conduzir os filhos, e indicar alternativas do futuro; cabe-nos olhar com bons olhos e vê-los quais cidadãos comuns, porém cobertos das cinzas da incerteza, nos vagões de segunda, dados fatores que lhes restringem os passos, fardos familiares de outras exigências.

Na roda viva desses meios, as correias dentadas do coração reclamam contrato, sejam no peito de pai, ou de mãe, ou de filho. A humana sociedade pouco corresponde àquilo prometido nos manuais. Iniciativas pedem coragem e criatividade, sem permitir falhas por conta do que virá depois, nas folhas de pagamento e prontuários oficiais.

Querer aos pais, venha de onde vier, de comerciantes, ou pirralhos, significa respeito a entes valiosos na condução desses trilhos de malhas do sem-fim.

(Foto: Jackson Bola Bantim).

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