segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O mistério da fé



Hoje pela manhã em pleno sol das 10h, avistei no coreto da Praça Siqueira Campos, em Crato, um pregador do Evangelho a cumprir missão de transmitir os versos bíblicos. Munido de microfone e caixa de som, repercutia no céu aberto as palavras da leitura que fazia; de chapéu e óculos, atualizava nas cabeças dos presentes, sentados, ou de pé, distantes à sobra das poucas árvores, o exercício dos conceitos cristãos, e gravei o que falava a propósito da esperança.

Longe de demonstrar dificuldade, ou timidez, o pregador exercia de pleno direito a função religiosa que lhe atende ao desejo de trazer adiante os princípios da sua convicção, ato público adequado aos tempos heróicos das tradições seculares. Fosse alguém questionar o exercício democrático e nem se daria ao gesto de levar em conta as opiniões contrárias.

Tantos e quantos ora vivem da fé autêntica, espalhados pelo mundo. Isto em época de mercantilização de valores e virtudes, safra desembalada dos falsos cristos e falsos profetas noticiados pelos livros sagrados, quando multidão padece da ausência angustiante das verdades sinceras.

Há criaturas movidos pela certeza interior das convicções que saem aos povos, munidos dessa sinceridade, e testemunham realidades sólidas a gritar dentro da alma. Estes superam barreiras de comodismo, respeito humano, inibição, e rompem nas vilas, campos e cidades, exercitando o poder supremo da Palavra, acima das limitações territoriais e dilemas pessoais. Cumprem ao pé da letra o ensino avassalador dos mestres santos, na busca de tocar corações com as luzes essenciais desse Amor sem dono, sem pátria, sem mistificação.

Algo me falou naquele momento, no aberto da praça ao sol da manhã fervente do verão sertanejo, do fogo abrasador do Espírito Santo a tocar raros seres pela dinâmica inevitável do mistério que é a fé suficiente a transportar montanhas e lançar oradores solitários na semeadura do Bem através dos viventes deste chão, solo da salvação. Experimentei nisso a paixão incontrolável dos missionários clamando no deserto das ingratidões e pedindo clemência, em reinos indiferentes, prenhes dos pecados bestiais de tronos vendidos e inúteis.

Viajantes raros insistem, portanto, na peleja de salvar a nossa Humanidade pelas suas ações em manhãs ensolaradas, disto sei, pois sinais seguem visíveis na alma santa dos simples, o que significa alimento nutritivo do sonho de paz vivo para sempre na beleza dessa gente.

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