domingo, 20 de abril de 2025

Um tempo que é de luz


Essa busca incessante pelo inevitável talvez viesse acrescentar cores fortes ao quadro abstrato do Universo. Fôssemos só em seguir, haveríamos de deparar, logo ali adiante, com o abismo de depois, no entanto cercados de todas as características desse panorama de séculos eternos. Toques vários e os mesmos desacertos (acertos) do que ficou na estrada. Sons e ausências, numa alternação sem conta, a meio de tantas possibilidades. Nós, as criaturas à procura de si, no vasto continente da fama. Olhos abertos aos paradeiros da infinitude, porém depositários de lembranças que não acabam mais. Isso, a cruzar os mares das ilusões, dotados, contudo, de certezas inigualáveis, densos autores de projetos e loterias, vistos desde quando antes estivemos noutras vidas, que também descrevem a vastidão do desconhecido.

Fortes sinais já são notados nos céus, a revelar novas lendas, trazidas no bisaco das memórias. Bem isto, esses seres pequeninos à cata das epopeias, através dos romances e contos, películas e sonhos. Na ânsia incontida, pois, de achar na alma os pendores das verdades absolutas, deslizam pouco a pouco pelos paredões das viagens sem fim e somem outra vez no silêncio aonde convergem as vontades num único bloco de pedras e narram suas trajetórias inesquecíveis às novas gerações. Trazem no íntimo as estrelas de noites infindáveis. Alimentam o desejo constante de ser quais personagens de lendas escutadas nas florestas escuras do inefável e repousam admirados consigo próprios.

Eles, tais seres misteriosos, vêm e vão pelas ruas, traços perpendiculares de amores sublimes e risos felizes, heróis dos instantes, viventes dos céus em movimento nas consciências individuais. Multidões, numa única espécie no desfilar das tradições. Nós, um a um, seremos isto, a soma do quanto existiu e, de novo, virá nas pautas da Eternidade, essas luzes que preenchem o catálogo do que ora somos e seremos, então.

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