sábado, 26 de abril de 2025

Pelo deserto das consciências


Estranhos mundos esses daqui de dentro das criaturas humanas. Lugares da mais profunda aridez, por vezes, no entanto preenchidos de folhas e folhas de cores, a conduzir os muitos comboios de solidão pelos corredores do Tempo. Roteiros de tantos filmes, os tais heróis do Infinito percorrem a vastidão do próprio firmamento à busca do que neles mesmos são capazes de avaliar, e conduzir, e criar. São batidas surdas nas portas do Destino, à espera de receber o soldo das vidas espraiadas nas frias noites e nos dias escaldantes. Horas sucessivas, nisto refazem planos e os desfazem em fiapos na ocasião de jogá-los fora. Um campo de tantas provas, todavia séculos de dúvidas e atitudes. Eles, por si próprios expectadores e diretores das muitas cenas que agora representam réstias imaginárias.

Lembro, sim, dos instantes de súplicas aos céus que os transformei, ao longo dos dias, nas quimeras assustadoras de outrora. Expectativas que formam mistérios entontecidos na embriaguez dos sentidos e na pura sofreguidão; só depois busco compreendê-las, nessas interpretações a sobrevoar o passado, deixando no relento, de novo a multiplicar as peças do quebra-cabeça da sorte pelos tabuleiros de ilusões e angústias, uma espécie de autocrítica tardia. De quantas imprevidências e pressas formamos os desencontros e as viagens a lugar algum?!

Tais assim quais somos, muitos devem ser, também, aprendizes das escolas e cativos da fantasia, zumbis apressados na imensidão que os transporta. Em cada cabeça uma sentença, qual dizem, e, perante a tela das escolhas, ora se planta o sequenciar de histórias infinitas, à carne viva do silêncio onde há mundos em formação neste palco das consciências.

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