Chegar ao teto dos pensamentos, colher imagens, as transformar em ideias e, logo a seguir, nas palavras. Há pouco, nem existiam, e somem depois, daí o jeito de jogá-las na tela em branco. São fagulhas tiradas do Tempo, feitas de possibilidades, nesse labirinto informe das concretudes aparentes. Desejos vagos de multiplicar em tópicos o que sumiria, e de lá montar significados, no instinto de tocar adiante a vontade de subverter o desaparecimento na correnteza desse rio inevitável... E não só pensar, resgatar isso do silêncio, no entanto sonho a ser realizado até o encontro da herança de que seremos, então, os instrumentos.
Nesse tal jogo de claro-escuro das horas, vemo-nos parceiros
do mistério em que tudo resume as existências. Desde que ouvidas de dentro do
instante, as palavras seriam pedaços da gente a se espalhar pelo espaço, ritmo
constante da imaginação.
Depois, vêm as músicas, cálculos imediatos no território de onde
nasce o som ao compasso dos ritmos e das sequências de harmonias refeitas ao
sabor da inspiração. Enquanto isto, aqui alguém que escuta, interpreta e
transmite, palavras doutros códigos, a tocar o sentimento por meio das atitudes
humanas. Nisso também resultam as formas e cores, nas artes plásticas, a contar
tantas histórias refeitas ao fulgor da claridade.
Noutras compreensões, a Natureza fala sempre de um desejo
incontido de tocar objetos e criaturas, donde os pássaros, o vento, a chuva, o
Sol, a Lua, as estrelas, no fluir das horas em forma de relacionamentos e
narrativas, linguagem perene, perfeita. Reunir, portanto, inspirações,
lembranças, descrições, daí o fulgor estonteante do quanto existe nas
inscrições vivas de que somos feitos.
Antes disso, seremos entes simbólicos, viventes da fronteira
que fica lá nos céus da Consciência, minúsculos seres dotados de ânsias e
sacrifícios à busca de compreender a si próprios diante do Infinito.
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