quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Fome de ser feliz para sempre


Saudade, a síndrome da ausência inevitável. O senso de perceber, de receber sentimentos na caixa da consciência, é isto que a ocasiona. E na gente vem juntando os resultados no transcorrer de tudo. Outras palavras, viver dói a dor da saudade. Só se tem saudade do que é bom. Essa vontade de que nunca fosse haver a separação do que seja agradável ao nosso espírito agora. No entanto o peso das eras reflete seus tormentos. Saudade das pessoas, dos lugares, épocas, desejos, sensações, até saudade das próprias saudades. Um trem no encarceramento das viagens, no sumiço das curvas longas, das manhãs ensolaradas, dos relacionamentos felizes, das horas de alegria que se passou junto de tantos; dos sabores, dos odores, das cores, dos filmes, dos livros, da solidão meditada, das reflexões e dos sonhos...

Solidão. Solidade. Saudade. Ao que disseram, é palavra originária da Língua Portuguesa, que a tem qual privilégio. A dor da nostalgia, dos dias que somem no cipoal das lonjuras; nos muafos, nas bibliotecas abandonadas pelos que se foram; nas estações, rodoviárias, escadas, porta dos elevadores indiferentes; ausência inevitável que seja, uma dor plangente na forma das existências anônimas. Distância. Distâncias. Décadas. Séculos. Às vezes despedidas forçadas pelas guerras, fugas, nos desencontros, desencantos, adeuses trazidos à tona dos longos amores perdidos.

Uma fome/sede que gruda lá por dentro e fere qual instrumento cortante, espinho afiado, garras agressivas de gritar, espernear, chorar, porém há que se haver tido o que seja bom que justifique saudade; voo de pássaros, sumiço de animais de estimação, criaturas de nosso amor jamais esquecido, felicidade insistente de nunca mais acabar. Das músicas, dos flertes, dos afagos, das palavras doces, orações, festas, ruas, casas, roupas; quantas razões de sofrimento desse apego que a gente traz conosco no decorrer dos dias sem fim. Uma constante máquina de alimentar emoções, treinar corações, iluminar nossos credos, esperar com afinco dias bons da felicidade mais plena, que vive solta em nós pelos planos de Deus, o pai que quer a realização maior das almas que somos nós. Nesse dia, de certeza, somaremos todas as saudades vividas, acumuladas, e as reavivaremos num único sol de Paz e Luz bem no íntimo do ser e em todo Universo que nos rodeia para sempre.

Um comentário:

  1. Saudade, a síndrome da ausência inevitável. O senso de perceber, de receber sentimentos na caixa da consciência, é isto que a ocasiona. E na gente vem juntando os resultados no transcorrer de tudo. Outras palavras, viver dói a dor da saudade". Beleza de relato da ausência . Parabéns !

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