terça-feira, 20 de setembro de 2022

Solidão de princípios

Há um tempo em que tudo parece igual ao que nunca foi e as peças de vestuários viram tapetes, lenços viram gravatas, ternos de galã vagueiam soltos ao vento quais pássaros esquisitos de estórias desencontradas nas circunstâncias em volta. Todos têm motivos, invés de clandestinidades as pessoas passaram a viver sonhos de loteria e mergulham no firmamento quais naves fugitivas em um mundo de armadilhas e ciladas. Todos assustam todos. Espantalhos que largados nas estradas espantam a si mesmos.

Nesse tal proceder de um mar de ondas agitadas, cada palavra cresce nas bocas tais pedras que avançam umas às outras, por vezes machucando pessoas e objetos, num furor que demonstra fome de senso. Nalguns existe só a perda do juízo e a dominação diante de dores acumuladas debaixo dos lençóis da indiferença.

Assim, batendo nas próprias carnes, esses ditos humanos vasculham o passado na busca de reverter o que produziram, tudo face o tempo solitário no coração. As florestas, os rios, as feras todas, isso que virou longo silêncio e penetra as vidas e avança sobre os mistérios o ritual com que iniciaram os movimentos da multidão enfurecida de si contra si mesma.

É isto, querer definir o quadro que aí está na história mundial quando os primatas, números e instrumentos demonstram as ações da horda, espécie de síndrome de um depois inevitável. Apenas vultos sombrios que recuperam o poder e saboreiam o desejo dos grupos egoístas que eles formam, numa espécie de modificação a valer tão unicamente nas eras de fama tardia.

Conquanto as letras queiram dizer o que elas resolvem, fico cabisbaixo de tanta contradição nesse palco de vastas proporções que constrange os engenhos e deforma o tempo jogado às traças, nuvens distantes de renovação e vontade adormecidas, ainda que com razão de sobra na ânsia da descoberta do motivo de estarmos aqui. Quais lições difíceis, aprendemos o que possa transformar o horizonte numa válvula de Luz em cada pessoa.


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