Há um tempo em que tudo parece igual ao que nunca foi e as
peças de vestuários viram tapetes, lenços viram gravatas, ternos de galã
vagueiam soltos ao vento quais pássaros esquisitos de estórias desencontradas
nas circunstâncias em volta. Todos têm motivos, invés de clandestinidades as
pessoas passaram a viver sonhos de loteria e mergulham no firmamento quais
naves fugitivas em um mundo de armadilhas e ciladas. Todos assustam todos.
Espantalhos que largados nas estradas espantam a si mesmos.
Nesse tal proceder de um mar de ondas agitadas, cada palavra
cresce nas bocas tais pedras que avançam umas às outras, por vezes machucando
pessoas e objetos, num furor que demonstra fome de senso. Nalguns existe só a perda
do juízo e a dominação diante de dores acumuladas debaixo dos lençóis da
indiferença.
Assim, batendo nas próprias carnes, esses ditos humanos
vasculham o passado na busca de reverter o que produziram, tudo face o tempo solitário
no coração. As florestas, os rios, as feras todas, isso que virou longo
silêncio e penetra as vidas e avança sobre os mistérios o ritual com que
iniciaram os movimentos da multidão enfurecida de si contra si mesma.
É isto, querer definir o quadro que aí está na história mundial
quando os primatas, números e instrumentos demonstram as ações da horda,
espécie de síndrome de um depois inevitável. Apenas vultos sombrios que recuperam
o poder e saboreiam o desejo dos grupos egoístas que eles formam, numa espécie
de modificação a valer tão unicamente nas eras de fama tardia.
Conquanto as letras queiram dizer o que elas resolvem, fico cabisbaixo
de tanta contradição nesse palco de vastas proporções que constrange os
engenhos e deforma o tempo jogado às traças, nuvens distantes de renovação e
vontade adormecidas, ainda que com razão de sobra na ânsia da descoberta do
motivo de estarmos aqui. Quais lições difíceis, aprendemos o que possa
transformar o horizonte numa válvula de Luz em cada pessoa.
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