sábado, 3 de setembro de 2022

Palavras-alimento

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória.  João 1:14.

Vêm na ânsia de chegar a algum ponto no mapa dos mistérios. Dentro, lá dentro das pessoas e dos objetos, elas vivem, respiram, se nutrem da mesma  sede que fervilha no que existe. Constroem seus castelos das areias do Universo. Remexem a alma das criaturas e revivem laços e sentimentos, despejando lavas e lavas do tempo em forma de compreensão. Estão aqui, ali, em todo lugar. Nas folhas que, nas árvores, o vento sacode e tira sons inesperados. No pipilar dos pássaros friorentos das manhãs. No som mais afastado de automóveis fugitivos. Palavras, sentidos que voam ao léu da sorte no âmbito do firmamento. Lá longe, nas estrelas, asteroides e galáxias, feixes de ruídos que buscam o sentido que há em tudo, no antes e no depois. Sobras de pensamentos que viajam os ares sob o peso da vontade invisível de milhões de ostras largadas nas praias do Destino. Horas a fio e elas circunscrevem o que as luas determinam, escrevem no infinito os pecados e credos de tantos à cata de insanos desejos. Nós, filhos diletos da imaginação e do sonho. Átomos dispersos de história que se desfaz aos nossos pés. Enquanto que cigarras ciciam no desfiladeiro, as luzes e as palavras percorrem profecias e acontecimentos bem às vistas dos seres em formação. Sempre assim, peregrinos que cascalham as margens no jogo de salvar o essencial de si. Depois retornam em cânticos de amor e paz, vontade incontável da revelação de tudo quanto existirá no transcorrer da pena que vivem. Força de encontrar a resposta, somos esses astros da certeza da Luz. Vozes na brisa que sopra dalgum lugar e forma o transe do céu em formação no íntimo das criaturas que dizem, fazem, escutam e adormecem nos braços do Sol em movimento.

2 comentários:

  1. Maravilha de texto! É setembro, daí tantas belezas nos sons, nas folhas ao vento, no perfume das folhas que caem , formando verdadeiro tapete por onde passamos, à espera da primavera. Parabéns !

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  2. Vozes na brisa que sopra dalgum lugar e forma o transe do céu em formação no íntimo das criaturas que dizem, fazem, escutam e adormecem nos braços do Sol em movimento.👏👏👏

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