domingo, 11 de setembro de 2022

Entre o eterno e o transitório


Nalgumas vezes isso significa tão só matéria de sonhos. Quem se ser sem o saber real, portanto. Sombras de si mesmas a vagar soltas no impossível das eras imortais. Daí a sede da Ciência em querer responder ao intocável pelas palavras e mãos humanas. Vontade insistente de encontrar no pouco o que seja de interpretar a razão nem de longe sustentável do invisível. Estado de neutralidade absoluta bem claro que ninguém saberá jamais, ninguém conhecerá desse conhecimento definitivo. Por mais que represente a elite da sapiência neste mar das indagações, vagamos quais dúvidas em perspectiva, ao sabor dos ventos e das vagas. São muitos laços que circundam a mente e retêm o véu denso do mistério. Ao que parece, olhos brilham nas trevas, porém ainda submetidos aos ditames desse poder mágico da interrogação de resposta desconhecida de tantos, senão de todos.

E neste espaço intransponível de tempo desfilam as gerações sucessivas. Algumas chegam quase a decodificar os segredos, no entanto só a dizer perderam o senso da realidade e ofegam extasiadas na ausência do Infinito em volta. Um vazio sobre o outro. Uma lâmina de luz sobre outra, nisso em que padecem os iguais a nós, pedaços de universos em flagelação constante. Houvesse claridade na consciência das pessoas e haveríamos de unir em cada um a compreensão disso tudo quanto existe e desconhecemos, no âmbito das palavras e silêncios.

A fragilidade dos pensamentos impõe esta atitude calejada do pouco ou quase nada que ainda somos de conhecer. Os detentores do poder temporal avançam na própria carne das almas e se devoram, na ânsia de vencer o invencível. Daí os quantos condenados imprudentes a transportar a forca da justiça contra sua particular existência. Com a medida com que medirdes medir-vos-ão também a vós. São eles os impostores que a si condenam no passo perdido que já carregam consigo vidas afora.

Bom, bem isso da provisoriedade do que antes acreditávamos eterno e que se desmancha pelos ares às nossas vistas e perante nossas limitações de encontrar o sentido absoluto de tudo. Até aqui, igualmente, eis o destino de todos nesse transe parcial.

Um comentário:

  1. O eterno e o transitório são como que duas paralelas, caminhos distintos que nunca se cruzam. Belo texto.🌷

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