Observar com calma e nitidez a distinção entre o que sentir e pensar, qual houvesse um observador dentro do que é observado, vem de uma espécie de agente de acompanhamento de como gastamos o tempo. Ele seleciona o que aproveitamos e dispensa o que classifica de desnecessário. Nisso, o grau de compreensão que determina o que somos do que poderíamos ser. Dessa soberania, resta avaliar pensamentos, sentimentos, atitudes, compromissos, desistências, encaminhamentos, planos, etc. Daí, o custo da administração, que fica por nossa conta. Tal agente de acompanhamento, no entanto, desaparece logo após seus julgamentos e encaminhamentos, e ficamos nós conosco próprios a sorver os resultados, frutos da responsabilidade daquilo que aceitamos do ente misterioso que sumiu ali pelos resvaladouros deste mundo depois de nos dizer o jeito de agir. Vivemos quase que sem saber do onde vieram as orientações, ou desorientações, a ponto de imaginar que parecia estar fora de si, e que recebera nem sei de onde os sinais do que devesse praticar.
São, assim, quais três personagens em um só, o que pratica, o que ouve e o que determina. Deles todos, o principal significa o que sai de cena e deixa que os outros dois vivam de perto as situações que acontecem no transcorrer da existência. Três funções de um mesmo ser: autor, diretor e ator.
Em tudo isto, o que vem à tona, no ato simples de experimentar um jeito de responder ao desafio de estar aqui, e qual disso a finalidade, fica por conta do que podemos aceitar dos segredos da natureza de que somos parte.
Nisso de usufruir o melhor em tudo, impera o discernimento do que fazemos daquilo que nos caberia fazer. Em torno de todo personagem, há os fatores que circunscrevem o espaço deste aprimoramento. Território estreito, a individualidade permite descobrir o momento e o motivo exatos de estar neste mundo, e o que o futuro tem a nos julgar.
(Ilustração: Ieronimus Bosch).
Mais um texto para minha coleção!!!
ResponderExcluirObrigada!